EQUIPA DA ADF
Sempre que ocorre um desastre, a tentação de obter dinheiro fácil através de burlas, fraudes e esquemas irá certamente seguir-se.
A pandemia da COVID-19 não foi excepção na África do Sul e alguns temem que o aumento do uso da internet e das redes sociais irá fazer com que os crimes cibernéticos se propaguem facilmente pelo continente.
Pesquisas recentes feitas na África do Sul demonstram um aumento nas fraudes na internet correspondentes à pandemia.
Um inquérito feito em Junho pela agência de informação de crédito, TransUnion, sobre o impacto financeiro da COVID-19 na África do Sul, concluiu que 41% dos inquiridos foram alvo de tentativa de fraude digital relacionada com a pandemia e 7% foram vítimas.
“Os praticantes de fraudes sempre procuram tirar vantagens de eventos mundiais de grande importância,” director de produtos da TransUnion Africa, Keith Wardell, disse num comunicado de imprensa. “A pandemia da COVID-19 e a sua rápida aceleração digital correspondente que aconteceram por causas dos confinamentos obrigatórios é um evento sem comparação na era da internet.
A TransUnion comunicou que a falsificação de seguros é a burla mais comum da internet relacionada com a COVID-19, com 27% dos inquiridos sul-africanos a afirmarem que foram alvo dela — um aumento de 10% em relação à pesquisa da TransUnion do primeiro trimestre.
A burla mais comum depois dessa envolve benefícios de desemprego, seguida de uma fraude de venda de produtos de terceiros a retalho, envolvendo páginas da internet falsas a venderem produtos legítimos.
“Analisando bilhões de transacções que rastreamos para verificar os indicadores de fraudes ao longo do ano passado, ficou claro que a guerra contra o vírus também causou uma guerra contra a fraude digital,” disse Wardell.
Num inquérito feito recentemente, 68% dos inquiridos sul-africanos disseram que eles ou seus familiares tinham experimentado fraudes nas redes sociais, desde o começo da pandemia.
Dados da TransUnion demonstraram que as tentativas de fraude digital contra empresas aumentaram em 44% no ano passado, em comparação com níveis anteriores à pandemia.
Numa altura em que os sul-africanos passaram a trabalhar em casa em grande escala, as ameaças do crime cibernético também mudaram, trazendo o phishing e o ransomware para o primeiro plano.
No seu relatório “Estado do Ransomware 2021,” a firma de segurança informática britânica, Sophos, inquiriu sul-africanos e concluiu que 24% tinha experimentado um ataque de ransomware nos últimos 12 meses.
No continente, a África do Sul e a Zâmbia encontram-se entre os países mais atingidos pelo ransomware, afirma o relatório.
Escrevendo para a página da internet sul-africana, ITWeb, François Amigorena, fundador e PCA da IS Decisions, descreveu como o ransomware tornou-se o crime cibernético dominante no continente.
“Nunca antes as empresas em África estiveram sujeitas à extorsão numa escala massiva como estão a ser hoje. Embora muitas prisões de alto nível relacionadas com os crimes cibernéticos tenham sido feitos pela polícia nos últimos anos, os praticantes de crimes cibernéticos continuam a evoluir e a diversificar o seu arsenal.”
O custo médio para recuperar dados roubados em ataques de ransomware, na África do Sul, era de 447.097 dólares.
A pandemia claramente criou um leque de oportunidades para os praticantes de crimes cibernéticos. Enquanto as vacinas contra a COVID-19 são implementadas em vários países, falsificações estão a ser comercializadas na internet.
No ano passado, o banco central da África do Sul alertou os cidadãos contra golpistas que se faziam passar por funcionários, que vinham para as casas das pessoas recolher notas e moedas, alegando estarem contaminadas pela COVID-19.
Nos primeiros meses da pandemia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) comunicou um aumento em cinco vezes do número de ataques cibernéticos que tinha experimentado. Também observou um aumento nos e-mails fraudulentos que se identificavam como sendo da OMS a pedir as pessoas para enviarem doações para um fundo falso.
“A adopção da tecnologia continua a aumentar em África,” escreveu Amigorena. “Contudo, com estas prosperidade e digitalização crescentes surgem novos riscos e vulnerabilidades que podem minar o progresso.
“Para que as organizações africanas continuem a crescer e alcancem o seu potencial total é vital implementar iniciativas de segurança eficazes para acabar com o crescimento da onda de ameaças cibernéticas.”