EQUIPA DA ADF
A mais recente variante da COVID-19 recebeu uma nova designação da Organização Mundial de Saúde. Em vez de chamá-la pelo seu nome científico complicado, a OMS simplesmente designou-a Delta.
Seguindo uma nova estratégia anunciada no fim de Maio, a OMS irá designar as variantes de interesse (VOI, acrónimo inglês) ou variantes de preocupação (VOC, acrónimo inglês) com nomes do alfabeto grego. As variantes passam a ser VOIs e VOCs quando demonstram sinais de aumento de transmissibilidade e infecciosidade.
O plano possui três objectivos primários:
- Reduzir a confusão entre os diferentes métodos para identificar estirpes da COVID-19, uma vez que a mesma variante pode ter vários nomes científicos.
- Criar um nome público, mais simples, para as variantes, de modo a fazer com que seja mais fácil para os órgãos de comunicação, profissionais de saúde e não cientistas referirem-se a elas.
- Evitar o estigma que se pode associar a pessoas e países quando se fizer referência às origens geográficas das variantes.
A estratégia tem o apoio de pessoas proeminentes na luta contra a COVID-19, incluindo o epidemiologista sul-africano, Salim Abdool Karim, que co-presidiu o Conselho Consultivo Ministerial da COVID-19 do seu país.
Escrevendo para a revista Science, Karim observou: “O risco de estar associado a uma nova variante também desincentiva a vigilância genómica a nível nacional e a transparência na produção de relatórios dos resultados. As descrições também são inexactas.”
A natureza de alta transmissibilidade das variantes significa que elas podem surgir em outros lugares para além do país onde ela foi descoberta, disse Karim.
“Não se sabe se o paciente zero de cada variante foi um residente ou um visitante desse determinado país, e todas as variantes foram registadas muito distante dos primeiros países em que foram identificadas.”
A África do Sul esteve entre aqueles países que foram estigmatizados por causa de uma variante que apareceu naquele país no ano passado. Essa variante, cientificamente conhecida como B.1.351, agora é designada pela OMS como sendo Beta.
Outras variantes incluem a Alfa, anteriormente conhecida como B.1.1.7 e primeiramente descoberta no Reino Unido, e a Gama (P.1), registada inicialmente no Brasil.
O Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças registou as variantes Alfa, Beta e Delta em todo o continente. A variante Delta, que foi primeiramente registada em Maio, já atingiu mais de uma dezena de países africanos.
As variantes constantemente surgem quando o vírus da COVID-19 se propaga no seio da população, desenvolvendo mutações à medida que passa. Quanto mais o vírus se propaga, maiores são as probabilidades de desenvolver uma VOI ou uma VOC. Reduzir a propagação através das vacinações, máscaras e do distanciamento social reduz o surgimento de variantes.
Até agora, a OMS já alcançou Capa, a 10ª das 24 letras do alfabeto grego, para identificar outras variantes de interesse ou de preocupação.
A estratégia de nomeação com recurso ao alfabeto grego não afecta as diferentes nomenclaturas utilizadas para caracterizar os vírus através do rastreio de mutações. Esses métodos continuam em vigor, mas não irão ser utilizados nas comunicações destinadas a pessoas simples.
As autoridades sanitárias consideram o sistema de nomeação como um passo importante para melhorar a sua habilidade de rastrear variantes à medida que estas forem surgindo pelo mundo.
“Nenhum país deve ser estigmatizado por detectar e comunicar a existência de variantes,” Maria Von Kerkhove, técnica-chefe da OMS em matérias de COVID-19, escreveu no Twitter.