EQuipa Da ADF
Em 2020, John Oroko, do Quénia, testemunhou a devastação causada por gafanhotos do deserto. Foi um apelo para acção.
A sua empresa agrícola, Selina Wamucii, lançou um aplicativo para telemóveis chamado Kuzi, que utiliza inteligência artificial (IA) para lutar contra as pragas que devoram as culturas enquanto a segunda vaga assolava a África Oriental, no início de 2021.
“Não é uma catástrofe pequena,” disse Oroko à ADF. “Receio pensar o que significa para os meios de subsistência das comunidades já vulneráveis neste continente.”
A pior invasão de gafanhotos em 70 anos ameaçou o fornecimento de alimentos na África Oriental, onde milhares de pessoas já estavam a passar fome. Em meados de Abril de 2020, mais de 25 milhões de hectares de terras de cultivo estavam debaixo de ataques de gafanhotos em todo o Corno de África.
Isso despertou a ideia do Kuzi.
O aplicativo gratuito utiliza dados de satélite e de sensores do solo, observações meteorológicas a partir do solo, assim como a aprendizagem automática para prever a procriação, a ocorrência e as rotas de migração dos gafanhotos do deserto. Gera um índice de procriação de gafanhotos em tempo real e um mapa de calor ao vivo de gafanhotos na região com potenciais rotas migratórias.
O nome do aplicativo é o nome, em Swahili, do estorninho-carunculado, uma ave famosa na África Oriental e Austral por ser comedora de gafanhotos.
O Kuzi utiliza aprendizagem aprofundada — um elemento da IA que faz a emulação do cérebro humano para processar dados em padrões para a tomada de decisões — de modo a identificar a formação de pragas de gafanhotos. Depois, o aplicativo envia alertas gratuitos em forma de mensagens para agricultores e pastores, dois a três meses antes da altura em que se espera que os gafanhotos ataquem as machambas e o gado, permitindo que haja uma intervenção antecipada.