EQUIPA DA ADF
Poucas semanas depois de o Lesoto receber as suas primeiras doses da vacina contra a COVID-19, o governo dos Estados Unidos doou concentradores de oxigénio às unidades sanitárias de todo aquele reino montanhoso.
Numa cerimónia ao sol, havida no Hospital do Governo de Berea, em Teyateyaneng, a Dra. Lucy Mapota-Masoabi, directora dos serviços clínicos, no Ministério de Saúde nacional, recebeu quatro máquinas, que fazem parte de uma doação dos EUA, totalizando 36 concentradores de oxigénio para 19 unidades hospitalares.
“Esta doação veio na altura certa,” disse Mapota-Masoabi. “Perdemos pacientes por causa de falta de equipamento. O presente equipamento é de necessidade vital para a nossa resposta. Ele não é apenas útil para a COVID, mas para o nosso sistema de saúde em geral.”
Os concentradores de oxigénio ajudam os pacientes com níveis baixos de oxigénio no sangue. O ar é 80% de nitrogénio e 20% de oxigénio antes de entrar no concentrador. Ele sai 90% a 95% de oxigénio puro. O nitrogénio é separado para dar ao paciente a mais elevada dose de oxigénio possível.
Desde que a pandemia começou, os EUA contribuíram com 5,25 milhões de dólares para a resposta do Lesoto à COVID-19, incluindo doações de equipamento de protecção individual, material médico e materiais para a testagem. O governo dos EUA também ajudou a treinar profissionais de saúde em matérias de cuidados clínicos fundamentais da COVID-19, ajudaram a supervisionar os postos de saúde e a fornecer apoio técnico para fortalecer o controlo de infecções, a vigilância e as actividades laboratoriais.
“Esta entrega de equipamento destaca a importância da realidade subjacente de que a COVID-19 ainda é um desafio de saúde muito sério,”o Chefe de Missão da Embaixada dos EUA, Clinton “Tad” Brown, disse durante a cerimónia. “Todos devemos continuar vigilantes nos nossos esforços para conter esta terrível pandemia. Cada um de nós ainda tem um papel importante a desempenhar — desde os profissionais de saúde da linha da frente, nos hospitais, como este em que estamos hoje, até ao basotho simples, desde o Tele até ao Mechachane.”
A Mission Aviation Fellowship (MAF) deu muitas das primeiras doses da vacina à clínica da encosta da montanha, próxima de Kuebunyane, em finais de Março. A MAF enviou as vacinas por via aérea de modo a evitar que se estragassem: a entrega teria sido praticamente impossível por via terrestre.
Em Kuebunyane, três enfermeiros do Flying Doctor Services, do Lesoto, inocularam 60 profissionais de saúde, muitos dos quais caminharam atravessando terrenos montanhosos das aldeias vizinhas para chegar à clínica, de acordo com a revista Keep the Faith, do Reino Unido.
A MAF também entregou 140 doses da vacina a Labakeng e Matsaile, que albergam os postos de saúde das encostas das montanhas.
“Alguns dos que receberam a vacina não eram enfermeiros, mas sim, membros da comunidade, que têm algum conhecimento adicional em matérias ligadas a cuidados de saúde primários,” o piloto sul-africano, Grant Strugnell, que voou com a MAF, em Lesoto, desde 2018, disse à Keep the Faith. “É realmente uma boa notícia saber que eles foram incluídos nesta fase de vacinações.”
A irmã Julliet Lethemba, que vive no Convento Mt. Royal, das Irmãs de Caridade de Ottawa, no distrito de Leribe, no norte do Lesoto, encontra-se entre aqueles que aplaudiram a chegada da vacina. Lethemba estava entre as primeiras irmãs do convento que testaram positivo para a COVID-19, em Maio de 2020. Desde essa altura, sete das suas irmãs morreram depois de terem testado positivo para a doença.
Enviada para o Hospital de Berea, para isolamento e monitoria, Lethemba passou 18 dias desgastantes sob tratamento à base de oxigénio.
“Eu até fui ensinada a operar a máquina de oxigénio,” disse Lethemba às Nações Unidas.
Lethemba observava sem nada poder fazer enquanto uma irmã do convento enfrentava sérias dificuldades para respirar, comer ou beber água. Ela acabou por morrer na cama ao lado da cama de Lethemba.
“Toda a doença precisa de uma cura e mesmo que esta vacina não seja perfeita, pelo menos ela minimiza as possibilidades de morte e de doença grave,” disse Lethemba às Nações Unidas. “Essa é toda a esperança de que precisamos.”