EQUIPA DA ADF
Na luta para salvar as vidas daqueles que são afectados pela COVID-19, cada suspiro é precioso. Agora os países africanos estão numa corrida para aumentar os fornecimentos de oxigénio para que os hospitais possam atender aos pacientes em estado grave.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) criou uma nova força-tarefa para angariar 90 milhões de dólares para atender à questão do acesso ao oxigénio em 20 países de baixa renda em todo o mundo. Quinze destes países encontram-se em África, incluindo o Chad, a República Democrática do Congo, o Malawi, a Nigéria e o Senegal.
“Precisamos de grandes quantidades de oxigénio para apoiar na gestão de casos de COVID-19 no continente. Os sistemas de saúde estão sobrecarregados,” disse Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças. “Devemos unir forças para melhorar o acesso ao oxigénio para todos os Estados-membros, porque este é um elemento fundamental que pode ser um divisor de águas na gestão de um paciente com COVID-19.”
Desde o começo da pandemia, o número de instalações geradoras de oxigénio cresceu de 68 para 119 em África, e o número de concentradores de oxigénio aumentou mais do que o dobro para 6.100, anunciou a OMS. Mesmo assim, o fornecimento não está a ser suficiente para cobrir a demanda.
Malawi é um país que enfrenta sérios problemas de carência de oxigénio. O reabastecimento de cilindros de oxigénio custa cerca de 110 dólares naquele país, e alguns pacientes precisam de dois a três cilindros por dia. A instituição de caridade religiosa, Medic Malawi, recentemente comunicou que o hospital distrital de Kasungu, que serve uma população de cerca de 1 milhão de pessoas, apenas tinha um cilindro de oxigénio de sobra.
“É trágico ouvir histórias de pacientes que morrem sem necessidade por causa da indisponibilidade de oxigénio para ajudá-los quando mais precisam dele,” Reverendíssimo Peter Howell-Jones, da Medic Malawi, disse ao Church Times. “Isto simplesmente não devia acontecer.”
A África do Sul foi assolada por uma duplicidade de problemas de uma nova estirpe virulenta de COVID e pela escassez de oxigénio que remonta desde meados de 2020. A Médicos Sem Fronteiras comunicou, no mês passado, que os pacientes da África do Sul continuam a morrer por causa da falta de necessidades básicas como oxigénio, água e monitoria e apoio fundamentais para o paciente.
A Tanzânia também tinha uma necessidade urgente 3.650 cilindros de oxigénio para aumentar significativamente o acesso à terapia de oxigénio no país, de acordo com um relatório do portal humanitário ReliefWeb, publicado no mês de Fevereiro.
A enfrentar uma escassez este ano, a Nigéria disponibilizou 17 milhões de dólares para a construção de 38 novas instalações geradoras de oxigénio. O governo alocou 671.000 dólares adicionais para a reparação de instalações de oxigénio em cinco hospitais.
As autoridades de saúde afirmam que, em termos gerais, os países de todo o continente esperaram muito tempo para começarem a construir novas instalações geradoras de oxigénio. São necessários cerca de três meses para criar uma instalação hospitalar e menos tempo do que o que se leva para converter sistemas de fabrico de oxigénio industrial, como o oxigénio utilizado para a soldagem, em redes de oxigénio para uso em hospitais.
A Organização Mundial de Saúde afirmou que mesmo antes da pandemia, as instalações geradoras de oxigénio da África Subsaariana estavam a satisfazer apenas a metade da demanda, causando mortes que podiam ser prevenidas, especialmente as causadas pela pneumonia.
Especialistas afirmam que questões como a manutenção de tanques, armazenamento e cadeias de fornecimento devem ser abordadas. Muitos são optimistas quanto ao facto de que os países africanos irão emergir da pandemia melhor preparados para satisfazer esta necessidade.
“A pandemia expôs um sistema de saúde e de fornecimento de oxigénio frágil e ineficiente. Em resposta, os governos africanos aumentaram os orçamentos de investimento para os sistemas de saúde e recrutaram mais funcionários de saúde,” Dr. Githinji Gitahi, Presidente do Conselho de Administração do grupo, na Amref Health Africa, disse ao jornal de medicina The Lancet. “A África terá um melhor sistema de provisão de oxigénio depois da COVID-19.”
Dr. Zaeem Haq, director clínico global da Save the Children, apelou aos países para que agissem rapidamente de modo a abordar a problemática da carência.
“Os hospitais e as clínicas estão a ficar sem oxigénio enquanto a imparável segunda vaga da pandemia assola famílias sem a possibilidade de serem vacinadas a tempo,” Haq disse ao ReliefWeb. “Sejamos claros: o oxigénio é o medicamento de vida ou morte para o tratamento da COVID-19, e as vidas que podiam ser salvas estão a ser perdidas.”