EQUIPA DA ADF
Enquanto o mundo celebrava as notícias das várias vacinas contra a COVID-19 nas últimas semanas de 2020, a Nigéria registava uma subida repentina de infecções. O virologista Sunday Omilabu acredita que uma nova variante do vírus esteja a operar no país com maior número de habitantes de África.
“Nos passados dois meses, estivemos a notar que o aumento acentuado está a mover-se gradualmente,” Omilabu, director do Centro de Virologia Humana e Zoonótica, do Hospital Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de Lagos, disse à Arise News, da Nigéria. “Das últimas duas semanas de Novembro até a este ponto, observamos que agora temos muitas pessoas a ficarem internadas. Sabemos que deve existir uma variante que é realmente responsável por isto.”
No seu informe semanal de 24 de Dezembro, o Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), comunicou que a Nigéria tinha registado um aumento de 52% de casos da COVID-19 e uma subida galopante de 63% do número de mortes nas passadas quatro semanas.
A pesquisa inicial indica que a variante nigeriana, conhecida como 501.V2, é diferente daquela que surgiu na África do Sul, disse.
“O que fica bem claro é que elas se transmitem de forma rápida e são responsáveis por um grande número de infecções,” disse Nkengasong.
Não está claro se as variantes fazem com que as pessoas fiquem mais doentes do que a versão original da doença, afirmou.
A nova estirpe da Nigéria apareceu quando o continente experimentava uma subida exponencial de casos da COVID-19. A segunda vaga coincidiu com o relaxamento de restrições de viagens e poucas pessoas a aderirem às precauções como o uso da máscara, o distanciamento social e a lavagem das mãos.
O África CDC reportou 3 milhões de casos, pouco depois do início do ano de 2021, o que indica que o número de casos triplicou desde Agosto. Até meados de Janeiro, a Nigéria tinha registado mais de 101.300 casos e 1.360 mortes.
Omilabu está a liderar os esforços de codificação da estirpe nigeriana para determinar como o vírus mudou. Ele anteriormente trabalhou no sequenciamento do genoma do vírus do Ébola e da Febre de Lassa. A fonte afirmou que a nova variante aparenta ser mais contagiosa do que a variante original da COVID-19, permitindo que uma pessoa infecte quatro a cinco pessoas — cerca do dobro da taxa do vírus original.
“Estamos a procurar sequenciar um grupo de isolados no Estado de Lagos,” disse Omilabu à Arise News. “Logo que tivermos os resultados, iremos partilhá-los com a comunidade científica e com o mundo em geral.”
Omilabu disse que as variantes como as que estão a aparecer na Nigéria ocorrem quando o vírus da COVID-19 produz réplicas enquanto se transmite pela população.
“Todos os vírus RNA, quando se duplicam, sofrem uma mutação,” disse Omilabu. “Por isso, é inevitável que surjam variantes seguindo o ciclo de produção destas réplicas. Não é algo novo. Uma vez que o vírus passa por vários hospedeiros, as suas proteínas irão mudar.”
Como resultado, é importante fazer a monitoria do vírus com o passar do tempo, para rastrear as mutações e responder a elas à medida que forem surgindo, disse.
Nkengasong está confiante de que as vacinas que estão actualmente a ser desenvolvidas irão continuar a ter efeitos porque a variante ainda é em geral idêntica ao vírus original.
“O que significa que as medidas que temos vindo a tomar na luta contra a COVID-19 são úteis,” disse. “Não devemos entrar em pânico. Vamos deixar que a ciência continue a guiar a nossa resposta.”
Omilabu recomenda que os nigerianos evitem o vírus por completo, seguindo as precauções, tais como máscaras e distanciamento social. Prevenindo a propagação do vírus, os nigerianos irão criar poucas oportunidades para que este se transforme em outras variantes.
“As pessoas precisam de cultivar o hábito de fugir do vírus,” disse ele.