EQUIPA DA ADF
Uma invasão de gafanhotos cercou o leste de África desde Dezembro de 2019 e ainda pode piorar.
Centenas de bilhões de insectos destruíram culturas em toda a região, no início de 2020, multiplicado por 20 em cada geração, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Uma segunda geração chegou a atingir trilhões, entre Março e Abril.
Agora, as condições ideais cultivaram uma outra onda que ameaçou as culturas e os meios de sobrevivência em toda a parte leste e meridional do continente.
“As primeiras e contínuas chuvas levaram a um novo ciclo de reprodução, e novos enxames estão a formar-se na Etiópia e na Somália,” comentou o Oficial Sénior de Previsão de Gafanhotos, Keith Cressman, em final de Outubro, no sítio da internet da organização. “Grupos de gafanhotos infantis foram identificados na Eritreia e é provável que no Sudão se formem novos enxames.
“Os ventos, no norte do Corno de África, estão a começar a soprar em direcção ao sul, levantando preocupações de que possam, mais uma vez, chegar ao Quénia, no final do ano.”
Períodos longos de temperatura seca seguidos de chuvas e ventos criaram um ambiente propício para a procriação de gafanhotos. Os enxames podem alcançar tamanhos colossais, com dez bilhões de insectos a cobrirem quilómetros de vegetação e a devorarem tudo o que encontram pela frente.
O ciclone Gati causou inundações no norte da Somália em Novembro, propiciando o surgimento de outras pragas de gafanhotos. A incubação está a decorrer e espera-se que continue até meados de Janeiro. Novos enxames de gafanhotos infantis começam a formar-se no início de Fevereiro.
A FAO comunicou, em meados de Dezembro, sobre a existência de surtos em Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe. As autoridades da África do Sul também anunciaram surtos nas províncias do centro e do oeste. A Argélia, a Mauritânia e o Níger até trataram pequenos enxames durante o mês de Dezembro.
“A ameaça para o Sahel e para a África Ocidental foi evitada, o que é uma boa notícia para uma região que luta contra outras ameaças à segurança alimentar,” frisou Cressman.
Dezenas de milhares de pessoas nas zonas afectadas já se debatem com a insegurança alimentar severa e a pobreza. A campanha de pulverização de pesticidas da FAO cobriu mais de 1,3 milhões de hectares e poupou uma estimativa de 2,7 milhões de toneladas de cereais, suficientes para alimentar 18 milhões de pessoas por ano.
A FAO está a coordenar com a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e a Organização Internacional de Controlo do Gafanhoto Vermelho na África Central e Austral, para ajudar os governos a lutarem contra os gafanhotos.
“Nestas regiões da África Oriental, onde a ameaça persiste, os países estão actualmente numa posição muito mais forte para gerir e conter as pragas do que estiveram há apenas 10 meses,” afirmou Cressman. “As capacidades nacionais foram reforçadas de forma significativa. Todos os pesticidas necessários para levar a cabo os controlos foram adquiridos e entregues na região.
“Os países agora têm frotas de aeronaves e veículos terrestres para a vigilância e controlo disponíveis e operacionais. A FAO agora está mais uma vez a ajudá-los a reforçar as frotas, para estarem preparadas para a época chuvosa do Inverno.”
A tecnologia também está a ajudar a melhorar a identificar esforços de resposta, quando são utilizados dados de satélite, drones e diversos aplicativos móveis para rastrear os enxames.
“Fizemos muito, mas a batalha contra esta praga implacável ainda não terminou,” disse o Director-Geral da FAO, Qu Dongyu. “Não devemos desistir. Os gafanhotos continuam a crescer, e os riscos estão a exacerbar a insegurança alimentar para famílias vulneráveis em toda a região.”