EQUIPA DA ADF
Quando Tedros Adhanom Ghebreyesus falou na assembleia anual da Organização Mundial de Saúde em Setembro, o director-geral emitiu um alerta sério.
“Podemos ficar cansados da COVID-19,” disse. “Mas ela não se cansa de nós.”
Ele falou estando em quarentena depois de ter estado em contacto com alguém que testou positivo.
“Ataca aqueles que têm saúde enfraquecida, mas ataca em outras fraquezas também: desigualdades, divisão, recusa, ilusões e ignorância intencional,” disse. “Não podemos negociar com ela, nem fechar os olhos e esperar que desapareça.”
No mesmo espírito do apelo de Tedros para compromisso, acção e coordenação renovados, a Rede de Acção contra a Pandemia (PAN) lançou a iniciativa Semana da Máscara da África, que decorreu de 23 a 30 de Novembro, em parceria com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) e mais de 55 organizações.
A semana contou com eventos online de organizações, empresas e pessoas singulares, utilizando o hashtag #AfricaMaskWeek. O objectivo é criar um movimento de alcance continental para o uso da máscara como uma forma essencial de prevenir a propagação da COVID-19.
Autumn Lerner, directora de comunicações da PAN, disse à ADF que a mensagem também tem a ver com a resiliência.
“A melhor coisa a fazer é continuar a usar a máscara, fazendo isso para proteger a sua comunidade e proteger a sua família,” disse ela. “É incrivelmente importante. Surge numa altura importante, conforme vimos um aumento do número de casos no continente.”
Até ao dia 1 de Dezembro, 52.231 pessoas morreram e 2.184.209 pessoas ficaram infectadas pela COVID-19 em África, de acordo com Africa CDC.
“Fica claro que a segunda onda está aqui no continente,” disse o director do Africa CDC, no dia 26 de Novembro.
Em Agosto, a PAN orientou mais de 40 organizações a observarem a Semana Mundial da Máscara, que teve a participação de 117 países.
“A Semana Mundial da Máscara realmente surgiu num tempo de fatiga,” disse Lerner. “Estávamos a ver todas estas pequenas campanhas, e as pessoas estavam a ficar cansadas e estavam a parar de praticar aquilo que funciona.
“Da mesma forma em África, estávamos a ver nos dados que as pessoas compreendem a eficácia de se usar a máscara, que existe a fadiga da pandemia, que existe a fadiga da preparação, principalmente quando outras questões parecem mais graves.”
A Semana da Máscara da África centrou-se em sensibilizar e encorajar a vigilância. Depois disso, a ênfase passou a ser trabalhar no terreno envolvendo a comunidade, comunicando directamente o risco e distribuindo produtos essenciais.
No dia 24 de Novembro, um dos maiores produtores de máscaras e outros equipamentos de protecção individual, BYD Care, anunciou uma doação de 16 milhões de máscaras em homenagem a Semana da Máscara da África.
Sob o ponto de vista de Lerner, o alcance e o impacto da iniciativa já demostraram ser um sucesso.
“Sabemos que há limites para aquilo que pode ser feito nas redes sociais, em particular no continente, onde não são todos que utilizam o Twitter ou Facebook ou que têm acesso a estes meios,” afirmou. “Mas o que vimos através da nossa rede de parceiros é que eles realmente levaram a cabo a campanha offline.”
Lerner disse que as pessoas abraçaram o conceito da Semana da Máscara e fizeram as suas próprias máscaras.
“Estamos a verificar muito envolvimento offline em termos das imagens, vídeos, eventos comunitários, pessoas a irem de porta a porta fazer o trabalho de comunicação do risco baseado na comunidade offline.
“Ainda estamos a reunir dados e resultados, mas essa foi uma surpresa muito importante.”