EQUIPA DA ADF
A Organização Mundial de Saúde elogiou o Ruanda pela forma como lida com a pandemia da COVID-19.
O país mantém taxas de infecção e mortes relativamente baixas através de inovações médicas, uso criativo da tecnologia e uma resposta proactiva do seu governo.
Apesar de ter a maior densidade populacional de África — incluindo aproximadamente 150.000 refugiados — o Ruanda registou apenas 35 mortes pela COVID-19 até 28 de Outubro, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.
“O Ruanda tem estado a levar a cabo [uma] resposta de todo o governo para ter [o] surto da COVID-19 sob controlo, seguindo os fundamentos, desde a testagem e o rastreio de contactos ao uso generalizado de medidas de saúde pública,” Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom, publicou no Tweeter, no final de Outubro.
O governo implementou um confinamento obrigatório total e estabeleceu um sistema de rastreio de contactos pouco depois do primeiro caso da COVID-19 ter sido confirmado naquele país, em Março.
Um mês depois de o vírus ser detectado, a Polícia Nacional do Ruanda (PNR) começou a utilizar drones para informar os residentes de Kigali sobre o vírus e fazer cumprir as medidas de confinamento obrigatório.
“A liderança da PNR considera que os drones são um instrumento poderoso que ajudam os agentes da lei na sensibilização assim como em várias operações ligadas à segurança pública, que incluem patrulhamento de fronteiras, protecção ambiental, resposta a situações de calamidades, administração da ordem pública e apoio às investigações, entre outros,” disse o porta-voz da polícia, John Bosco Kebera, à ADF.
Enquanto o vírus se propagava lentamente, o Ruanda destacou cinco robots doados pelas Nações Unidas para ajudar os funcionários do sector de saúde a tratar os pacientes da COVID-19.
Criadas por uma empresa de robótica belga, as máquinas medem a temperatura dos pacientes, fazem a monitoria do seu estado de saúde e entregam comida e medicamentos aos pacientes. Os robots também são colocados em terminais de transportes públicos e outros lugares onde as pessoas se aglomeram para realizar testes aleatórios e identificar pessoas com sintomas da COVID-19.
“É impressionante ver instituições diferentes a unirem os esforços para procurar soluções para resolver a problemática da COVID-19,” Ministro de Saúde, Daniel Ngamije, disse ao Kigali Today. “É mais uma meta alcançada no uso das tecnologias para melhorar a saúde no Ruanda.”
A falta de máscaras cirúrgicas e equipamento de protecção individual (EPI), a nível global, levou as empresas do Ruanda a produzirem as suas próprias, Clare Akamanzi, directora-executiva do Conselho de Desenvolvimento do Ruanda, disse à Health Policy Watch. Os ruandeses também empregam impressoras 3D para produzir viseiras para funcionários da saúde.
Akamanzi disse que 76 empresas ruandesas fabricam máscaras faciais, três fazem máscaras cirúrgicas e uma produz EPI.
“Todas foram certificadas pela Autoridade Ruandesa de Produtos Alimentares e Drogas,” disse.
Wilfred Ndifon, um matemático epidemiológico e director de pesquisas no Instituto Africano de Ciências Matemáticas, no Ruanda, reconheceu a carência de kits de testagem da COVID-19 e usou um algoritmo para desenvolver um método rápido, eficaz e barato para realizar testes por lotes para detectar o vírus.
A inovação de Ndifon, que pode testar até 100 pessoas em simultâneo, foi reconhecida mundialmente.
“Uma vez que a testagem [por lotes] permite que se teste muitas pessoas, é possível ter uma ideia mais clara do seu perfil de dados epidemiológicos,” Leon Mutesa, membro da força-tarefa da COVID-19, do governo do Ruanda, disse ao The Conversation Africa.
A testagem por lotes no Ruanda é, em termos gerais, feita em pessoas que se encontram em mercados, bancos, prisões e outros lugares onde se encontram grandes grupos. “Ajudará também a identificar lugares mais propensos a novas infecções para possibilitar uma resposta rápida por parte dos funcionários do sector de saúde pública,” acrescentou Matesa.
O Ruanda usou 3 milhões de dólares em doações dos EUA para aumentar a capacidade de diagnóstico laboratorial e biossegurança, melhorar a vigilância a nível central e distrital, prevenir as infecções e tratar infecções respiratórias agudas no Centro Biomédico do Ruanda.
“Penso que, para mim, o que está claro é que o Ruanda levou esta pandemia muito a sério,” Youssuf Travaly, vice-presidente do Instituto Africano de Ciências Matemáticas, disse a U.S. News & World Report. “Começaram a fazer a monitoria da evolução da pandemia em Dezembro, estavam a observar o que estava a acontecer.”