No dia 20 de Abril, o grupo armado, vestindo camuflagem e conduzindo motorizadas, atacou um mercado em Kwara e matou a tiros quatro homens da etnia Fulani, um guarda local e um jovem de 19 anos que foi atingido por uma bala perdida.
“Suspeitamos que tenham vindo com um motivo premeditado, porque dispararam contra os Fulani à queima-roupa, atingindo-os na cabeça,” uma fonte anónima disse ao jornal nigeriano, Daily Trust. A fonte disse que o guarda estava com uma arma “e eles o viram como uma ameaça.”
O Daily Trust relatou outro ataque de Mahmuda que matou um vigilante na vizinha Kaiama no mesmo dia. No dia 16 de Abril, combatentes de Mahmuda mataram 15 membros de um grupo de vigilantes na aldeia de Kemanji, em Kwara. O governador do Estado de Kwara, AbdulRahman AbdulRazaq, disse na altura que o seu governo estava a trabalhar com os militares e outras agências para desmantelar a célula.
“O que estamos a ver hoje são actores não estatais a atacar os vigilantes em represália, e isso vai passar”, AbdulRazaq disse numa reportagem do Daily Trust. “Isso porque estamos a trabalhar com os militares que visitaram o local, estabeleceram contacto e tiveram um envolvimento robusto.”
Mahmuda, que se acredita ser uma facção dissidente do Boko Haram, também é conhecido como o Grupo Mallam, em homenagem ao nome do seu líder; ambos os grupos estão ligados ao Estado Islâmico. Num esforço para recrutar novos membros, o grupo tem destacado uma ideologia mais moderada do que a do Boko Haram e prega em Hausa e outras línguas locais. Os moradores do Estado de Kwara disseram que Mahmuda está a recrutar gradualmente combatentes e informantes locais.
“Antes, tínhamos chamado a atenção das autoridades e dos agentes de segurança para a influência crescente [de Mahmuda] e só recentemente é que os militares lideraram um grande ataque contra eles, que incluiu bombardeamentos aéreos, matando muitos deles,” Alhaji Haruna Idirissa, residente do Estado de Kwara, disse ao Daily Trust.
Acredita-se que Mahmuda tenha ligações com grupos no Mali e no Níger. Migrou para Kwara a partir do Estado do Níger e ocupou o Parque Nacional do Lago Kainji há mais de cinco anos, após invadi-lo e expulsar os seus guardas.
Uma fonte disse ao SaharaReporters que o grupo financia as suas operações cobrando taxas aos pastores e impostos aos agricultores e obrigando os residentes locais a trabalhar nas suas quintas como forma de “sadaka,” uma forma islâmica de caridade. Também gera receitas através de sequestros e resgates, enquanto relatos afirmam que o grupo também está envolvido em mineração ilegal.
“Na sua manobra para enganar o povo com a religião, eles reúnem oportunamente os membros da comunidade para pregar sobre a ética islâmica, bem como persuadir os membros da comunidade a serem desleais ao Estado nigeriano e também instruir que quaisquer disputas dentro da comunidade devem ser-lhes comunicadas,” a fonte contou ao SaharaReporters, que relatou que o grupo também ganhou controlo sobre comunidades na área do governo local de Borgu, no Estado do Níger.
Wasiu Abiodun, porta-voz do Comando da Polícia do Estado do Níger, disse que a polícia está a trabalhar com os militares para desalojar o grupo.
“Uma série de operações de limpeza foram realizadas dentro do Parque Nacional [do Lago Kainji]”, Abiodun disse à Fundação para o Jornalismo Investigativo da Nigéria. “A operação é um exercício contínuo e será mantida para garantir que a área seja limpa do banditismo.”
Grupos terroristas como Ansaru, Boko Haram, Província do Estado Islâmico na África Ocidental e Lakurawa também operam no centro-norte da Nigéria. Lakurawa ganhou notoriedade no ano passado depois de ser acusado de matar 15 pessoas em Mera, uma cidade do Estado de Kebbi, e roubar um grande número de gado.
O Exército nigeriano classificou Lakurawa como um novo grupo, mas Murtala Ahmed Rufa’i, professor associado de estudos sobre paz e conflitos na Universidade Usmanu Danfodiyo, em Sokoto, escreveu que o grupo opera em várias comunidades ao longo da fronteira entre a Nigéria e o Níger desde 1999. Pelo menos 91.740 nigerianos foram mortos entre 2011 e 2024 num total de 14.779 “incidentes de insegurança,” de acordo com o Daily Trust.
“É como se o nosso país se tivesse tornado um terreno fértil para todos os tipos de grupos terroristas, milícias, saqueadores, bandidos e extremistas,” Chidi Omeje, especialista em segurança, disse ao jornal nigeriano Punch.