A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou a intenção de activar a sua força em estado de alerta, numa altura em que o terrorismo do Burquina Faso, do Mali e do Níger continua a propagar-se.
À margem da reunião da CEDEAO de 11 de Março, o Ministro da Defesa da Nigéria, Mohammed Badaru Abubakar, afirmou que o plano é mobilizar 5.000 soldados da Força de Reserva da CEDEAO (ESF) e outros recursos em toda a região, que é um foco de violência terrorista. A ESF combaterá o terrorismo, o banditismo, o extremismo violento, os crimes transfronteiriços e a instabilidade política. Não ficou claro quando ou onde é que a ESF será destacada em primeiro lugar.
“A activação desta força sublinha a nossa determinação colectiva de enfrentar a extensão do terrorismo no que diz respeito à insegurança e garantir a segurança dos nossos cidadãos,” Abubakar disse à Voz da América (VOA).
O analista de segurança Kabiru Adamu congratulou-se com a medida, mas manifestou preocupações quanto à sua eficácia.
“O último pormenor que sabemos, embora isso possa mudar, é que terá duas bases operacionais dentro da sub-região,” Adamu disse à VOA. “Sabemos que a capacidade de adquirir as tropas de 5.000 homens tem sido um pouco desafiada. Os países que inicialmente concordaram em contribuir, três deles já não fazem parte da CEDEAO. Portanto, agora a CEDEAO terá de olhar para trás, para os seus membros, para ver quem, de entre eles, irá aumentar a lacuna.”
O Burquina Faso, o Mali e o Níger abandonaram a CEDEAO a 29 de Janeiro e formaram a Aliança dos Estados do Sahel (AES). Apesar da separação, o bloco regional espera colaborar com os países para enfrentar o terrorismo e outros desafios, disse o Presidente da CEDEAO, Omar Alieu Touray.
Adamu disse acreditar que as relações contínuas entre a CEDEAO e a AES podem ser necessárias.
“Dadas as condições dos contingentes militares em quase todos os países, será muito difícil que estas coisas sejam satisfeitas de uma forma que permita uma rápida projecção,” Adamu disse à VOA. “O que é bom é que a cooperação em matéria de defesa e segurança entre a AES e a CEDEAO continua a ser multilateral e bilateral. Esperamos que, apesar da saída, todas as partes vejam a necessidade de continuar a empenhar-se na defesa da segurança.”
A CEDEAO tem enfrentado desafios crescentes nos últimos anos, incluindo instabilidade política regional, desacordos internos e interesses nacionais contraditórios, de acordo com o Centro para a Democracia e o Desenvolvimento Socioeconómico (CDS).
Há muito que os funcionários debatem a potencial eficácia da ESF. Durante um diálogo sobre o assunto na Escola de Pensamento Social e Político de Abuja, na Nigéria, em Setembro de 2024, o Major-General reformado Nicholas Rogers afirmou que a força enfrenta um financiamento inadequado, instabilidade e barreiras linguísticas.
Rogers, antigo comandante da Operação Safe Haven das forças armadas nigerianas, que lidera a luta contra o banditismo nos Estados de Kaduna, Plateau e Taraba, disse que a força de reserva só poderia funcionar quando as nações participantes tivessem identidades semelhantes, tecnologia adequada e uma paz relativa, segundo o jornal People’s Gazette da Nigéria.
“É difícil para uma região economicamente pobre ter uma força de reserva, porque estamos a falar de equipamento, tecnologia, tropas no terreno, subsídios para as tropas, programas médicos e apoio aéreo,” disse Rogers. “Não se fazem forças de reserva apenas com papelada; é preciso ter a capacidade financeira e a tecnologia para poder dizer que se quer ter uma força de reserva.”
No entanto, o antigo Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, argumentou que a ESF será crucial para a estabilidade e segurança regionais.
“Não tenho dúvidas de que, se tivesse existido mais cedo, teria servido para dissuadir a multiplicidade de golpes de Estado e a propagação do terrorismo,” Akufo-Addo disse numa reportagem da GhanaWeb. “A criação desta força é essencial para manter a estabilidade e a segurança regionais. Permitirá à CEDEAO responder rápida e eficazmente às ameaças, defender a governação democrática e promover a paz em toda a África Ocidental.”