EQUIPA DA ADF
A Tunísia está em vias de comprar aos Estados Unidos um número não revelado de barcos de patrulha Archangel de 20 metros, com um custo estimado de 110 milhões de dólares. A aquisição incluirá sistemas de GPS, de navegação e de comunicações, bem como formação.
“A venda proposta irá equipar melhor a Tunísia para contribuir para os objectivos comuns de segurança, promover a estabilidade regional e desenvolver a interoperabilidade com os Estados Unidos e os parceiros ocidentais,” anunciou o Departamento de Estado dos EUA, acrescentando que a Marinha Tunisina utiliza esses barcos para “busca e salvamento, fiscalização marítima e outras operações relacionadas com o mar para garantir a segurança no país e na região.”
A Tunísia já tem barcos semelhantes ao Archangel, comprados em 2015. Os barcos da SAFE Boats International, sediada nos EUA, estão equipados com dois motores a diesel de 1.600 cavalos, assentos que absorvem os choques e controlo climático. O seu alcance é de até 400 milhas náuticas.
Devido à sua experiência com os seus barcos Archangel, a Marinha Tunisina integrará facilmente os novos barcos assim que forem aprovados, relata a Overt Defense. As embarcações destinam-se a ser utilizadas em operações em águas pardas, tais como perto da costa e em vias navegáveis interiores. Os analistas disseram à Breaking Defense que estas embarcações são particularmente úteis para o combate ao contrabando e para patrulhas de segurança ligeiras. O país conta com 1.148 quilómetros de costa.
A Tunísia enfrenta uma série de problemas de segurança. As suas fronteiras porosas permitem o tráfico de seres humanos a partir do sul, bem como o tráfico proveniente dos países vizinhos, nomeadamente Argélia e Líbia. O país também enfrenta ameaças do tráfico de droga, do contrabando de armas e da pesca ilegal.
A Líbia, que não tem um governo nacional unificado desde a guerra civil de 2011, possui enormes reservas de armas espalhadas por todo o país. Segundo o Instituto de Investigação para a Paz de Oslo, o país vende-as ilegalmente em todo o continente e para além dele. A desestabilização da Líbia aumentou drasticamente a necessidade de melhorar a segurança marítima devido ao risco acrescido de contrabando de mercadorias, armas e militantes de e para o país.
O Centro Tunisino de Investigação e Estudos sobre o Terrorismo informou que uma grande percentagem dos terroristas que operaram na Tunísia foram treinados na Líbia, onde o grupo Estado Islâmico e outras organizações estabeleceram campos de treino para combatentes desde o colapso do governo. Os explosivos utilizados nos ataques também foram encontrados na Líbia, informou o grupo anti-conflito Saferworld.
MUDANÇA DRÁSTICA
O estatuto da Tunísia como força marítima regional começou a mudar drasticamente em 2009, quando recebeu 14,5 milhões de dólares em financiamento militar dos EUA para 10 pequenos barcos de resposta de 8 metros e cinco barcos de resposta médios de 13 metros, juntamente com peças sobressalentes, formação e apoio. Os barcos de reacção são normalmente utilizados em operações de combate ao narcotráfico, busca e salvamento, interdição do tráfico e resposta ambiental.
Esta adição de navios à frota tunisina equivaleu a uma recapitalização total da sua capacidade de patrulha das águas territoriais. Segundo as autoridades, as novas embarcações substituirão os velhos barcos da Marinha Tunisina com menos de 20 metros, que foram entregues em 2011 e têm sido utilizados principalmente para patrulhamento, busca e salvamento e interdição.
A frota naval da Tunísia deu mais um passo em frente em 2015 com a entrada em funcionamento da sua primeira fragata de fabrico nacional. O navio de 27,5 metros foi o resultado de um esforço público-privado que utilizou a base industrial local. A Marinha Tunisina geriu a aquisição e realizou o esforço, desde o financiamento até à concepção e construção, a nível interno. Na altura, estavam previstos sete navios deste tipo. Pelo menos cinco já foram concluídos.