Soldados da Gâmbia e dos EUA Juntam-se para Debater Supervisão e Profissionalismo
EQUIPA DA ADF
Soldados da Gâmbia e dos EUA juntaram-se num evento de uma semana em Agosto para partilhar conhecimentos e melhores práticas relacionadas com o profissionalismo e a responsabilidade militares.
Membros das Forças Armadas da Gâmbia (GAF) e da Força-Tarefa do Exército dos EUA para o Sul da Europa e África (SETAF-AF, na sigla inglesa) participaram no encontro havido em Banjul. O evento centrou-se em temas como o sistema de inspecção-geral (IG), o Estado de direito e a melhoria da cooperação militar entre as duas nações.
“A oportunidade de dialogar com os nossos homólogos da Gâmbia foi inestimável,” afirmou o Tenente-Coronel Benjamin Barrett, chefe dos compromissos e exercícios do gabinete do Inspector-Geral da SETAF-AF. “Através do intercâmbio de conhecimentos sobre o sistema de IG e o Estado de direito, podemos melhorar a nossa compreensão mútua e reforçar os alicerces da integridade e da justiça nas nossas forças armadas.”
Utilizado nos EUA e em muitos outros países, o sistema de IG está integrado na cadeia de comando militar e responde perante o chefe do ramo de serviço ou outro dirigente. Por vezes, designado por “olhos, ouvidos, voz e consciência” do comandante, o sistema de IG funciona como um mecanismo de controlo interno que assinala problemas ou deficiências nas forças armadas. Quando funciona eficazmente, o sistema de IG alerta os comandantes sobre os problemas, para que possam ser resolvidos de forma proactiva.
A Gâmbia está a trabalhar para melhorar a responsabilidade militar e restaurar a imagem das suas forças armadas. Em 2017, o recém-eleito presidente da Gâmbia, Adama Barrow, lançou um processo de reforma do sector da segurança destinado a melhorar o desempenho das forças armadas e a pôr termo aos abusos decorrentes de 22 anos de regime ditatorial. As reformas incluíram o reforço dos mecanismos de supervisão do sector da segurança e a criação de uma Comissão da Verdade, Reconciliação e Reparação para documentar os abusos cometidos no passado.
O Brigadeiro-General Sait Njie, comandante do Exército Nacional da Gâmbia, disse que ainda há muito trabalho a fazer.
“Visto que emergimos de um sistema político em que alguns elementos das Forças Armadas mancharam a boa relação que tínhamos com a população civil, é desejo do meu comando envolver-se em actividades que procurem promover uma cultura de compreensão e cooperação com todos os actores civis na nossa área de responsabilidade,” Njie disse em Março numa cerimónia de promoção de 312 soldados. “É sobretudo desta forma que poderemos recuperar a confiança e o respeito do povo gambiano.”
A reunião entre os EUA e a Gâmbia incluiu estudos de casos de questões difíceis relacionadas com o Estado de direito e o profissionalismo militar. Também levou a conversas francas entre soldados dos dois países.
“Uma das principais conclusões deste intercâmbio é o compromisso comum com a responsabilidade e a integridade no seio das nossas respectivas forças armadas,” afirmou o Tenente-Coronel Reneka Redmond, do Gabinete do Juiz-Advogado do Pessoal da SETAF-AF. “É inspirador ver como os nossos dois países, apesar de histórias e sistemas diferentes, estão alinhados na nossa dedicação à defesa destes valores e do Estado de direito.”
Nos últimos anos, os golpes de Estado têm-se multiplicado na África Ocidental e a Gâmbia reprimiu uma tentativa de golpe em 2022. O país espera poder reforçar as relações civis-militares e evitar cair na armadilha dos golpes de Estado, reforçando os seus valores fundamentais, incluindo uma postura apolítica e uma estrita subordinação militar ao poder civil.
“Desde a mudança de governo, as GAF tem dado passos significativos para afastar o exército da política e também para afastar a política do exército,” disse Njie. “Estes ganhos devem ser reforçados, porque a política ultrapassa o âmbito das nossas competências e, por conseguinte, o seu envolvimento só resultará na erosão do profissionalismo militar e na perda de confiança e respeito.”
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