Sudão do Sul Continua a Desenvolver Esforços de Desminagem Difíceis e Perigosos
m veículo blindado que lavra a terra para esmagar ou detonar minas enterradas e outros explosivos.
As minas, algumas das quais datam da década de 1980, são vestígios mortais da luta pela independência do país e de outras batalhas. Ao longo dos anos, vários combatentes colocaram milhares de minas em estradas e campos de todo o país.
O trabalho perigoso de Sunday para a Ajuda Popular da Noruega (APN) é importante, porque mais de 5.000 pessoas foram mortas ou feridas por minas e engenhos explosivos não detonados no Sudão do Sul desde 2004, de acordo com o Serviço de Acção contra as Minas das Nações Unidas (UNMAS), que apoia a APN. Mais de 1 milhão de minas terrestres foram destruídas durante esse período.
“É importante retirar as minas, porque, quando há minas aqui, as pessoas não podem trabalhar, não podem cultivar,” disse Sunday num relatório da ONU. “Quando cultivam, por vezes, as minas detonam e matam os residentes locais.”
Peter Chol Maduk trabalha como agente de desminagem no Sudão do Sul desde 2009. Durante esse tempo, disse ter ajudado a encontrar e a detonar mais de 500 minas, bombas e granadas.
“Quando entro no campo de minas, estou a lutar contra um inimigo,” disse Maduk à Danish Church Aid Alliance, uma organização não-governamental (ONG) que trabalha em questões de desenvolvimento, assistência em catástrofes e esforços de sensibilização. “Um erro pode ser fatal, por isso, preciso de considerar cuidadosamente cada passo que dou. Qualquer coisa no solo pode ser uma mina, por isso, examinamos tudo o que encontramos e analisamos toda a superfície com os nossos detectores de metais. Parece que o solo é o nosso amigo e que comunicamos através do detector de metais.”
Concedida Extensão ao UNMAS
É comum as crianças confundirem engenhos não detonados com brinquedos. Em Março, sete mulheres e três rapazes foram mortos depois de um rapaz ter brincado por engano com uma granada quando procurava mangas numa aldeia do Estado de Bahr el Ghazal Ocidental.
Para evitar este tipo de situações, os trabalhadores do Mines Advisory Group, uma ONG do Reino Unido, colaboram com as comunidades para as sensibilizar para o perigo das minas e de outros engenhos não detonados. Fazem palestras com grandes cartazes que mostram ilustrações de vários explosivos e distribuem panfletos às crianças; o UNMAS faz um trabalho semelhante.
O Sudão do Sul concedeu ao UNMAS uma extensão, até 2026, para libertar o país de todos os engenhos não detonados. Em quase duas décadas, o UNMAS limpou mais de 84 quilómetros quadrados de munições de fragmentação e minas.
Também destruiu mais de 6,3 milhões de munições de armas ligeiras e 1,2 milhões de engenhos explosivos, incluindo mais de 81.000 munições de fragmentação e 1,1 milhões de outros engenhos por explodir, de acordo com a página da internet do UNMAS. Também foram desobstruídos mais de 4.800 quilómetros de estradas, o que permitiu à ONU e aos parceiros humanitários distribuir ajuda.
Ainda assim, alguns especialistas dizem que será difícil atingir o objectivo de 2026, uma vez que diariamente são encontradas munições em todo o país.
“A contaminação é muito grande,” Jurkuch Barach Jurkuch, presidente da Autoridade Nacional de Acção contra as Minas do Sudão do Sul, disse à Al Jazeera. Jurkuch acrescentou que os esforços são dificultados pela falta de financiamento, pela insegurança contínua e pelas inundações.
‘A Minha Zona é Perigosa’
O Estado de Equatória Oriental, ao longo da fronteira com o Uganda, possui o maior número de áreas do Sudão do Sul com munições de fragmentação no país — 55 de um total de 123 — de acordo com a Mine Action Review. É também o segundo Estado do Sudão do Sul com maior número de regressos desde que o acordo de paz foi alcançado em 2018.
Jacob Wani regressou recentemente à sua casa, depois de ter fugido da guerra há oito anos. O entusiasmo do agricultor de 45 anos por um novo começo foi frustrado quando as autoridades lhe disseram que as suas terras no condado de Magwi estavam proibidas e cheias de minas.
“A minha zona é perigosa,” disse Wani à Al Jazeera. “Não tenho capacidade para reconstruir neste sítio e também tenho medo (de explosivos). Se eu for, talvez algo me possa ferir.”
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