A Ministra da Defesa interina da Zâmbia, Brenda Tambatamba, liderou uma procissão de soldados para se posicionarem diante de uma série de aeronaves na pista ensolarada da Base Aérea de Lusaka na cerimónia de abertura do Exercício Blue Lugwasho.
Repleta de uma banda de metais e uma exibição aérea de caças, a pompa foi uma forma adequada de marcar o regresso dos exercícios “Blue” da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) após uma pausa induzida pela pandemia da COVID-19 desde 2019.
Quase 1000 soldados da Força Aérea de todo o bloco regional participaram no Blue Lugwasho, um exercício humanitário e de resposta a catástrofes, de 8 a 26 de Setembro. Angola, Botswana, Lesoto, Malawi, Namíbia, África do Sul, Tanzânia e Zimbabwe juntaram-se à Zâmbia, anfitriã do evento.

“Aos representantes dos Estados-Membros da SADC e ao pessoal militar, a vossa presença é a própria essência do espírito da SADC,” Tambatamba disse na cerimónia de abertura, no dia 8 de Setembro. “Não enviaram apenas meios aéreos e pessoal; enviaram uma mensagem. Uma mensagem de que, embora possamos estar demarcados por fronteiras, a nossa humanidade não conhece limites. Que quando uma nação sofre, todos nós estamos prontos para ajudar. Esta determinação colectiva é a maior defesa da nossa região.”
Desde 1997, os exercícios bienais Blue da SADC têm-se centrado nos esforços de manutenção da paz e humanitários. Tambatamba proferiu o seu discurso em frente a um avião de transporte C-130 Super Hercules carregado com sacos de 50 quilogramas de milho, prontos para serem transportados para as províncias do sul e leste da Zâmbia, que foram as mais afectadas por uma seca histórica.
Em nome do presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, ela descreveu o exercício como “uma demonstração prática da solidariedade regional e da preparação para responder a desastres naturais, crises humanitárias e ameaças modernas à segurança.”
O director de Relações Públicas da Força Aérea da Zâmbia, Coronel Mutale Kasoma, disse que o Blue Lugwasho e o retorno dos exercícios militares da SADC são essenciais para promover a unidade regional e desenvolver capacidades.
“O objectivo é melhorar a interoperabilidade, a coordenação e o tempo de resposta e reacção,” disse à ADF. “Estamos a ver como podemos mobilizar-nos como região e responder a uma determinada situação no menor tempo possível para salvar vidas e também para levar ajuda significativa às pessoas que mais precisam.”
O Blue Lugwasho incluiu um exercício de posto de comando em Lusaka para planear e coordenar a logística do transporte aéreo, seguido de um exercício de campo de 18 a 25 de Setembro para entregar os suprimentos.

“Tudo está pronto antes do início do exercício real no terreno,” disse Kasoma. “A preparação é fundamental para se ter sucesso em qualquer actividade. A execução é a parte menor. Nunca é demais enfatizar a necessidade de se preparar, praticar e estar pronto para qualquer eventualidade.”
Falando na cerimónia de abertura, o comandante da Força Aérea, Tenente-General Oscar Nyoni, disse que a Unidade de Gestão e Mitigação de Desastres da Zâmbia forneceu 450 toneladas métricas de milho.
Os C-27J da Zâmbia e os C-130 da Força de Defesa do Botswana transportaram mais de 1.100 sacos de 50 quilogramas de milho da base operacional estratégica do exercício em Lusaka para a base operacional principal na base aérea de Livingstone, no dia 10 de Setembro.
As tropas da SADC, em conjunto com as unidades do Exército da Zâmbia e do Serviço Nacional da Zâmbia, entregaram a ajuda humanitária às bases operacionais avançadas e zonas de lançamento durante a parte do exercício de campo do Blue Lugwasho. As províncias do sul e do oeste da Zâmbia foram severamente afectadas pela seca em curso que começou em Janeiro de 2024 e é considerada a pior que atingiu o país em quatro décadas.
Kasoma, que era capitão em 2003 quando a Zâmbia acolheu o Exercício Blue Angel, relembrou com carinho a sua experiência como jovem oficial e ficou animado ao ver os exercícios Blue da SADC reactivados no seu país natal.
“É muito gratificante e motivador podermos coordenar e ajudar uns aos outros de forma mais significativa,” sublinhou. “Quanto mais fazemos isto, mais fácil se torna e melhores ficamos nisso.
“Há uma grande camaradagem. São ligações para toda a vida que se formam e com as quais se vive durante o resto da carreira militar, coisas que se levam consigo todos os dias e para onde quer que se vá na região da SADC e além.”