As Forças Armadas da Nigéria esperam receber chefes de defesa de todos os 54 países africanos numa cimeira em Abuja, em Agosto, com a tarefa de encontrar soluções locais para as questões de segurança do continente.
A lista de convidados inclui Burquina Faso, Mali e Níger, que se separaram da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no início deste ano para formar o seu próprio grupo regional. As juntas militares que governam esses países prometeram trabalhar em conjunto para combater os grupos terroristas que impediram os seus antecessores democraticamente eleitos.
O chefe do grupo de planeamento da cimeira, o vice Marechal Precious Amadi, disse que a cooperação militar com os países do Sahel é vital, apesar da divisão política causada pelos golpes e da ruptura com a CEDEAO.
“Não temos problemas militares com eles, porque uma ameaça a um é uma ameaça a todos,” Amadi disse numa conferência de imprensa que anunciou a cimeira.
Militarmente, a Nigéria e os seus vizinhos do Sahel continuam a trabalhar em conjunto para enfrentar as ameaças à segurança, frisou Amadi. Os organizadores descrevem a conferência como um encontro inédito. Ela contará com membros da indústria de defesa africana e uma exposição de armamento e capacidades de defesa fabricados em África. Os líderes militares da Nigéria têm sido francos quanto à necessidade de desenvolver a indústria de defesa africana como forma de tornar o país menos dependente de empresas estrangeiras.
No site do evento, os organizadores afirmam que a conferência oferece aos fabricantes de defesa uma oportunidade de apresentar os seus produtos a agências de aquisição e ajudar os países africanos a reforçar as suas capacidades de defesa.
O tema da conferência é “Combate às Ameaças Contemporâneas à Paz e Segurança Regional em África: O papel das colaborações estratégicas em defesa” e abrangerá quatro áreas principais: estratégias colectivas para questões de segurança africana, resposta colaborativa a questões de paz e segurança; mecanismos para integrar o sector privado aos esforços de defesa e criação de uma mesa-redonda para ajudar a encontrar soluções locais para os desafios de segurança de África.
A agenda da conferência inclui estratégias de combate ao terrorismo, segurança cibernética e a ameaça da guerra cibernética, estratégias de aquisições de defesa, modernização militar, manutenção da paz e construção de parcerias para o futuro.
O terrorismo continua a ser uma das maiores questões de segurança do continente, numa altura em que grupos ligados ao Estado Islâmico ou à al-Qaeda operam em vários países, incluindo os países do Sahel, Moçambique e Somália. Muitas vezes, as actividades terroristas estão ligadas directamente a crimes transnacionais, como o tráfico de droga e a caça furtiva de animais selvagens. A segurança marítima também continua a ser uma questão importante para as comunidades costeiras de África, assoladas pela pesca ilegal e pela pirataria.
Os chefes de defesa de toda a África, com excepção dos países do Sahel, reuniram-se em Nairobi, no Quénia, no final de Maio, na Conferência dos Chefes de Defesa Africanos, organizada pelas Forças de Defesa do Quénia e pelo Comando dos EUA para África. A conferência incluiu sessões sobre a experiência dos países com o terrorismo, o futuro das forças armadas africanas e a natureza mutável das relações civis-militares no continente. Amadi disse que a cimeira de Agosto, organizada pela Nigéria, permitirá aos chefes de defesa e aos seus colaboradores debater questões de segurança comuns e as formas de reforçar as capacidades de defesa em todo o continente.
“À luz das realidades actuais, tornou-se imperativo buscar soluções africanas para os problemas africanos,” destacou Amadi.