Em todo o continente, as Forças Aéreas estão a esforçar-se por alcançar a supremacia aérea, neutralizar ameaças e recolher informações. Desempenham um também papel fundamental nos esforços humanitários e de assistência em caso de desastres.
Este papel, por vezes negligenciado, foi o foco do recente Simpósio dos Chefes das Forças Aéreas Africanas, onde mais de 240 participantes de 38 países se reuniram em Lusaka, Zâmbia, de 17 a 21 de Fevereiro.
Citando o fluxo e o refluxo da seca e das cheias no seu país, o Comandante da Força Aérea da Zâmbia, Tenente-General Oscar Nyoni, sublinhou a importância de reunir os chefes das forças aéreas de todo o continente.
“As Forças Aéreas de toda a África possuem uma capacidade única para fazer mais do que apenas salvaguardar os nossos céus,” disse ele numa conferência de imprensa online no dia 19 de Fevereiro. “Com diversos meios aéreos e pessoal qualificado, temos potencial para prestar apoio vital a nações em dificuldades.
“Estas coisas acontecem sem aviso prévio e podem afectar qualquer pessoa a qualquer momento. Por isso, é muito gratificante estarmos a acolher este simpósio numa altura em que já vimos os efeitos da seca e sabemos exactamente o que significa procurar o apoio de outras nações dispostas a isso.”
O simpósio anual é o principal evento da Associação das Forças Aéreas Africanas (AAAF), a que Nyoni preside. A organização centra-se na colaboração para encontrar soluções de poder aéreo lideradas por africanos entre os seus 29 países-membros e a Força Aérea dos Estados Unidos.
O Comandante das Forças Aéreas dos EUA na Europa e das Forças Aéreas em África, General James Hecker, destacou o papel crescente da associação, que se expandiu significativamente desde a sua criação em 2015.
“De apenas quatro países para 29 nações-membros, a expansão da Associação das Forças Aéreas Africanas reflecte a crescente capacidade de África para enfrentar os seus desafios colectivamente,” afirmou durante a conferência de imprensa online.
Embora o evento de uma semana tenha incluído workshops, actividades de envolvimento da comunidade e intercâmbios culturais, o seu ponto central foi um exercício de mesa, que procurou melhorar a coordenação e a prontidão para assistência humanitária e missões de resposta a desastres, com ênfase na mobilidade aérea e partilha de recursos. Um exercício de mesa é uma sessão baseada em discussões em que os membros da equipa se reúnem num ambiente informal para discutir as suas funções durante uma emergência e as suas respostas a uma situação específica simulada.
Hecker sublinhou a importância do planeamento, observando que as questões logísticas críticas, como os custos do combustível, os acordos de abastecimento e as autorizações diplomáticas para sobrevoos, devem ser tratadas com antecedência e não durante uma crise.
“O que estamos a fazer aqui é o início deste exercício de mesa,” disse Hecker. “O ponto culminante será um exercício de voo ao vivo, que ocorrerá no Quénia em Novembro de 2026.”
O exercício de voo ao vivo tem como objectivo aprimorar a coordenação, o tempo de resposta e a eficiência logística em cenários de alívio de desastres.
Desde a sua fundação em 2011, cada ano um país-membro diferente acolhe o simpósio. A Nigéria será a anfitriã em 2026.
Com o hino da AAAF a tocar durante a cerimónia de encerramento, Nyoni entregou a bandeira da associação ao Marechal Hassan Bala Abubakar, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea da Nigéria e o próximo presidente da organização. A associação escolheu tanto a nova bandeira como o novo hino durante a sessão.
“Juntos, podemos alcançar a grandeza como um continente unificado,” disse Abubakar. “Este simpósio é mais do que apenas um encontro de ideias. É uma demonstração do nosso compromisso para uma África segura, mais protegida e próspera. A nossa colaboração é um lembrete poderoso da importância de encontrar soluções africanas para problemas africanos.”
Nyoni reflectiu sobre o orgulho da Zâmbia em acolher o simpósio, observando que o evento é um passo significativo rumo a uma colaboração mais profunda entre as Forças Aéreas Africanas.
“O entusiasmo e as contribuições trazidas pelos chefes de toda a África — do Sul, do Leste, do Oeste e do Norte — foram fantásticos,” enfatizou. “E ver as suas contribuições e o seu desejo de ajudar a resolver problemas africanos é altamente apreciado. Para nós, na Zâmbia, estar no centro disso é algo muito encorajador e inspirador.”