Nigéria Avança na Luta Contra o Tráfico de Droga

EQUIPA DA ADF

Em meados de Julho, a Agência Nacional de Combate à Droga (NDLEA) da Nigéria desmantelou um importante cartel de droga que operava nos Estados de Imo e Rivers.

As autoridades prenderam o líder do cartel e um dos seus associados por alegadamente distribuírem grandes quantidades de metanfetaminas no sul e sudeste da Nigéria. Na mansão do líder do cartel, no Estado de Imo, foram confiscados cerca de 420 gramas de metanfetamina e produtos químicos utilizados no fabrico da droga.

Uma semana antes, as autoridades nigerianas detiveram um casal acusado de embalar, distribuir e traficar cocaína no valor de 1,3 milhões de dólares dentro e fora da Nigéria.

Estas operações fazem parte dos esforços contínuos da Nigéria para travar o aumento do fabrico e do tráfico de droga. O país foi durante muito tempo considerado um centro de trânsito de estupefacientes, mas nos últimos anos tornou-se um importante produtor, consumidor e distribuidor de drogas, de acordo com as Nações Unidas.

No primeiro trimestre de 2024, as autoridades nigerianas prenderam mais de 80 suspeitos e apreenderam mais de 3.000 quilogramas de drogas variadas, enquanto 50 infractores foram condenados por acusações de tráfico de droga, segundo a ONU.

Em meados de Julho, a NDLEA também frustrou os esforços do tráfico internacional de droga ao apreender grandes quantidades de cocaína, opiáceos, tramadol, injecções de pentazocina, sulfato de morfina e injecções de cetamina escondidas nas solas de sapatos.

A NDLEA afirma que o tráfico de droga representa uma ameaça maior do que o banditismo e a insurgência a nível local e mundial. De acordo com as estatísticas da agência, mais de 14 milhões de nigerianos consomem drogas ilegais, sobretudo cannabis.


Em Junho, o presidente da NDLEA, o Brigadeiro-General Buba Marwa, reformado, afirmou que o abuso e o tráfico de drogas impulsionam outros crimes e alimentam a insegurança.
Marwa referiu que, nos últimos três anos, o sudeste da Nigéria tem estado preso num “vórtice de violência.”

 

“Os factores responsáveis pelo ciclo de violência perpetrado pelos jovens são muitos e variados, mas também não excluem o consumo de drogas, especialmente a metanfetamina, popularmente conhecida como Mmkpuru Mmiri,” Marwa disse ao jornal Punch, da Nigéria.

“Ouvi repetidamente os argumentos de que alguns jovens ficam criativos ou inspirados quando fumam cannabis. Isso é um disparate,” acrescentou Marwa. “Disseram-lhe também que muitos também enlouquecem ou perdem o sentido da razão depois de fumarem cannabis?”

Em 2021, a NDLEA lançou a iniciativa Guerra Contra o Abuso de Drogas (WADA, na sigla inglesa) para combater o consumo e o tráfico de drogas entre os jovens. A WADA ajuda a promover um ambiente antidroga que gira em torno da detecção precoce e da intervenção junto dos jovens.

A iniciativa lidera campanhas para dissuadir os jovens e as crianças do consumo de substâncias ilícitas e utiliza várias plataformas de sensibilização para envolver o público e promover a colaboração contra o flagelo da droga.

Desde 2021, a NDLEA realizou mais de 6.400 programas de sensibilização dirigidos a estudantes, juntamente com quase 1.000 programas para jovens fora da escola, para aumentar a consciencialização sobre os perigos do consumo de drogas, de acordo com o Projecto de Relatório sobre Crime Organizado e Corrupção.

O Senado da Nigéria propôs, em Maio, tornar a pena de morte a nova sentença máxima para o tráfico de droga através de uma alteração à lei, segundo a Reuters. A alteração, que ainda não é uma lei, substituiria a prisão perpétua como a pena mais severa para o crime.

Os críticos do projecto de lei preocupam-se com a possibilidade de condenar e executar erradamente uma pessoa inocente.

Ibrahim Abdullahi, fundador do Muslim Media Watch Group, apoia o projecto de lei, mas afirma que a legislação também deve abordar o papel da corrupção relacionada com o tráfico de droga.

“Devem ser elaboradas leis mais rigorosas para combater a corrupção na Nigéria, de modo que os funcionários culpados de aceitarem subornos para ocultar crimes ou de não processarem com diligência sejam tratados com seriedade,” Abdullahi disse à Voz da América.

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