Países do Golfo da Guiné Unem Forças Para Proteger o Domínio Marítimo

EQUIPA DA ADF

Os armadores que operam no Golfo da Guiné receberam um alerta de pirataria em Junho de 2023, depois de os piratas terem atacado um navio graneleiro suíço e ferido alguns dos seus tripulantes ao largo de Conacri, na Guiné.

Quatro criminosos armados entraram a bordo do navio e roubaram dinheiro de um cofre antes de fugirem, de acordo com a TradeWinds, uma fonte de notícias sobre navegação. Tratou-se de um dos mais recentes incidentes de pirataria registados na África Ocidental após anos de declínio dos ataques, incluindo 81 em 2020, 34 em 2021 e apenas três em 2022. 

Para combater a pirataria, a pesca ilegal e outros crimes marítimos, o Benin, a Nigéria e o Togo realizaram, em meados de Setembro de 2023, uma operação de segurança marítima de cinco dias, conhecida como Operação Domínio Seguro II.

Lançada a partir da base naval do porto de Cotonou, no Benin, a operação contou com a participação de barcos de patrulha do Benin e do Togo e de uma aeronave nigeriana. Aquelas nações são membros da Zona Marítima E, que faz parte da Arquitectura de Yaoundé para a Protecção e Segurança Marítima.

A África Ocidental perde cerca de 9,4 bilhões de dólares por ano, devido à pesca ilegal, principalmente praticada pela China, que possui a maior frota de pesca em águas longínquas do mundo e o pior registo de pesca ilegal do mundo, de acordo com o Índice de Pesca INN. O índice monitoriza a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada.

Os arrastões de fundo chineses capturam cerca de 2,35 milhões de toneladas de peixe por ano na região, o que representa 50% do total das capturas chinesas em águas longínquas e vale cerca de 5 bilhões de dólares, informou a Fundação para a Justiça Ambiental.

O Comodoro Richard Shammah, director do Centro Regional de Coordenação da Segurança Marítima, na África Ocidental, afirmou que os países estão cada vez mais conscientes do valor económico das suas águas e que, para que a economia azul de um país prospere, o seu domínio marítimo tem de estar seguro.

“Esta operação é necessária para que possamos ter uma linha marítima de comunicação e comércio e nenhum país o pode fazer sozinho, daí o esforço de colaboração,” disse Shammah durante a operação. “Rezo para que as metas e os objectivos desta colaboração sejam alcançados, porque isso também tenderá a desenvolver a capacidade das nossas marinhas.”

A Pew Charitable Trusts destacou a importância da colaboração e da cooperação para eliminar o flagelo num relatório de 2023 intitulado “To End Illegal Fishing, Countries Must Work Together (Para acabar com a pesca ilegal, os países têm de trabalhar juntos).” O relatório defende que a coordenação regional pode ajudar os países a combater crimes específicos, como o transbordo, a prática de transferir peixe de um navio de pesca para um navio de carga refrigerado. Também conhecida como “saiko,” esta prática permite aos navios evitar os limites de captura.

“Aumentar a cooperação e a coordenação regional é um passo difícil mas necessário para ajudar a erradicar a pesca INN, melhorar a saúde dos oceanos e trazer benefícios — incluindo credibilidade internacional — a todos os Estados envolvidos,” escreveram as autoras do relatório, Katherine Hanly e Tahiana Fajardo Vargas.

Comentários estão fechados.