Rebeldes do M23 Regressam a Zonas da RDC que Outrora Dominaram

EQUIPA DA ADF

Após seis meses de trégua, uma nova onda de violência assola o leste da República Democrática do Congo (RDC), onde o exército congolês acusa os rebeldes do M23 de violarem um novo cessar-fogo.

“Os terroristas do M23 acabaram de disparar dois morteiros contra as posições avançadas das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) em Kibumba,” o porta-voz da província do Kivu do Norte, Tenente-Coronel Guillaume Ndjike Kaiko, disse num comunicado de 6 de Outubro.

No dia 10 de Outubro, Kaiko informou que os rebeldes tinham matado sete congoleses em Kisigari, não muito longe da aldeia de Kishishe, onde o M23 massacrou mais de 145 civis há quase um ano.

“Tal como em Kishishe, os terroristas do M23 acabaram de cometer um massacre sobre as populações congolesas durante a noite, no território de Rutshuru, sob o pretexto de que os [aldeões] estão a colaborar com os chamados patriotas de Wazalendo,” disse.

Depois de ter anunciado uma retirada desta região próxima da fronteira com o Ruanda, o M23 regressou para lançar ataques. Os seus novos inimigos são sobretudo as milícias locais de autodefesa chamadas Wazalendo.

Apesar dos ataques coordenados do M23, o Major-General Peter Cirimwami Nkuba, governador militar interino e comandante das operações no Kivu do Norte, disse que as autoridades governamentais disseram às forças das FARDC para não se envolverem.

“Não nos foi pedido que viéssemos atacar, mas sim que observássemos o cessar-fogo,” afirmou num comunicado. “Se o M23 quiser violar o cessar-fogo, o problema é deles. Será visto diante de toda a gente e a nível internacional.”

Pelo menos 20 civis foram mortos e outros 30 ficaram feridos desde 1 de Outubro, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

“Mais de 84.700 pessoas foram forçadas a fugir das suas casas,” informou, observando que o acesso à ajuda “permaneceu muito restrito,” devido à “intensificação dos combates.”

Alguns dos combates ocorreram em Kitshanga, uma cidade estratégica a 50 quilómetros da capital da província, Goma. A cidade tem sido ocupada por diferentes forças desde Janeiro, quando os rebeldes do M23 tomaram o controlo.

O M23 entregou a cidade à Força Regional da Comunidade da África Oriental (EACRF) em Abril, mas retomou-a por pouco tempo no início de Outubro, antes de as FARDC enviarem centenas de soldados para recuperar a cidade.

No dia 9 de Outubro, o governo da RDC declarou que não renovaria o mandato da EACRF, que expira a 8 de Dezembro.

“Eles não conseguiram resolver o problema,” disse o Ministro das Comunicações, Patrick Muyaya. “É dever de cada congolês defender cada centímetro do território nacional.”

A RDC solicitou igualmente a retirada acelerada da missão das Nações Unidas, conhecida como MONUSCO, até ao final deste ano.

O Presidente Felix Tshisekedi ordenou recentemente às FARDC que enviassem 40.000 soldados recém-formados para perto da fronteira com o Ruanda.

Tshisekedi trocou culpas com o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, e os responsáveis da RDC no leste têm, cada vez mais, atribuído as acções do M23 directamente ao Ruanda.

Bénédicte Kumbi Ndjoko, porta-voz da organização da sociedade civil congolesa, Likambo Ya Mebele, disse que o M23 foi capaz de lançar a sua última vaga de ataques coordenados porque é apoiado pelo Ruanda.

“O que estamos a ver aqui não é nada de novo,” afirmou numa entrevista à News Central TV, sediada na Nigéria. “O M23 conseguiu capturar tantos lugares em Rutshuru e Masisi, porque tem o apoio do Ruanda, e esse apoio foi documentado pela ONU.”

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