Enquanto o Malawi enfrentava o que acabaria por ser o surto de cólera mais mortífero da sua história, outra ameaça esperava ao largo: o Ciclone Freddy.
A tempestade devastou Madagáscar e Moçambique, no final de Fevereiro de 2023. Depois de ganhar força no Canal de Moçambique, voltou a atingir a terra, afectando o Malawi, em Março. A subida das águas e os ventos fortes tornaram-na numa das tempestades mais mortíferas que assolaram o país nas últimas duas décadas, segundo a Reuters.
Em meados de Abril, mais de 1.000 pessoas tinham morrido devido à tempestade, segundo o Presidente Lazarus Chakwera. A tempestade afectou mais de 2 milhões de pessoas e desalojou mais de 500.000, segundo a Reuters.
Também exacerbou a resposta prolongada ao surto de cólera, que começou em Março de 2022. No dia 26 de Abril de 2023, a Aliança para as Vacinas (Gavi) informou que o Malawi tinha registado 58.063 casos e 1.741 mortes.
Em resposta, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional concedeu 2,5 milhões de dólares ao UNICEF para reforçar a luta contra a cólera no Malawi. O UNICEF trabalhará com os ministérios de Saúde e de Água e Saneamento do Malawi para prestar serviços de higiene nas escolas e nas comunidades circundantes. Espera-se que o esforço ajude pelo menos 300.000 pessoas, mais de 120.000 das quais são crianças, referiu o UNICEF.
Os trabalhos incluirão a melhoria das instalações de água e saneamento nos centros de saúde e nas escolas. Também financiará materiais e mensagens para a prevenção da cólera. Espera-se que o esforço ajude os alunos a regressarem para a escola em Blantyre, fornecendo material de limpeza, promovendo a higiene e monitorizando e tratando a água.
A cólera é uma infecção diarreica aguda causada por alimentos ou água contaminados. Se não for tratada, pode provocar a morte por desidratação. Cheias, como as provocadas pelo Ciclone Freddy, podem propagar doenças transmitidas pela água.
O representante do UNICEF no Malawi, Dr. Gianfranco Rotigliano, disse que o país deve estar preparado para futuros surtos. “Com mais de 14.000 crianças afectadas e 230 vidas jovens perdidas, o surto representa uma ameaça significativa para a saúde e a sobrevivência das crianças de todo o Malawi,” disse. “Enquanto trabalhamos com os nossos parceiros para dar resposta às suas necessidades imediatas, temos de dar prioridade ao investimento e ao reforço do acesso a cuidados de saúde de qualidade e a instalações de água potável e saneamento nas comunidades vulneráveis.”