Centro De Fusão Marítima Visa Crimes Marítimos

EQUIPA DA ADF

No dia 15 de Janeiro de 2023, as autoridades apreenderam 3.000 espingardas, centenas de cartuchos de munições e mísseis antitanque num navio de pesca no Golfo de Omã. As armas iranianas destinavam-se à milícia Houthi no Iémen.

Onze dias antes, as autoridades interceptaram 2.000 armas iranianas diversas destinadas ao Iémen num navio de pesca na mesma zona, de acordo com o Centro Regional de Fusão de Informação Marítima (RMIFC) do Madagáscar.

Sem as informações sobre os navios que o centro partilhou com as autoridades locais, algumas das armas poderiam ter acabado na Somália e vendidas a grupos extremistas violentos, como o al-Shabaab e o Estado Islâmico, na Somália. O Irão tem usado o país para canalizar armas para a milícia Houthi desde 2016.

De acordo com o RMIFC, o tráfico de armas na região da África Oriental e Austral e do Oceano Índico (ESA-IO) está a aumentar. O centro combate o problema através da partilha e do intercâmbio de informações sobre segurança marítima a respeito de navios suspeitos de cometerem crimes.

O centro ajuda a identificar embarcações suspeitas que possam estar ligadas a crimes marítimos como o contrabando de drogas, a migração ilegal e a pesca ilegal. A monitorização constante pela sala de vigia do centro ajuda-o a avisar atempadamente as agências de aplicação da lei marítima sobre as ameaças.

As detenções de Janeiro “não só evidenciam que a utilização de embarcações de pesca e barcos à vela continua a ajudar as actividades dos criminosos, mas a existência activa de rotas de contrabando e tráfico conhecidas também está a contribuir para o comércio ilegal,” Tenente Saïd Lavani, oficial de ligação internacional das Comores no RMIFC, disse à ADF num e-mail. “A falta de detenção de suspeitos de crimes interceptados no mar também está a permitir que as redes e as rotas de contrabando prosperem.”

O RMIFC partilha informações com o seu centro-irmão, o Centro Regional de Coordenação Operacional (RCOC) das Seychelles, e com qualquer país que enfrente uma ameaça marítima. Se o país não for capaz de interditar, pode pedir ajuda ao RCOC.

As frequentes apreensões de armas sublinham uma “ameaça preocupante na região,” segundo Lavani, que recomendou que todos os países da região aderissem à arquitectura do Programa de Segurança Marítima (MASE) para poderem receber informações dos centros regionais. O MASE é financiado pela União Europeia e liderado na região da ESA-IO pela Comissão do Oceano Índico.

As Comores, o Djibouti, a França, em nome da ilha Reunião, o Quénia, Madagáscar, as Maurícias e as Seychelles são membros do MASE. Lavani afirmou que a Tanzânia deverá aderir em breve.

Um relatório do Instituto de Estudos de Segurança revelou que a rede de contrabando de armas iranianas se estende provavelmente a grupos ligados ao al-Shabaab na Etiópia, no Quénia e em Moçambique. As armas iranianas também vão parar à República Centro-Africana, ao Sudão do Sul e à Tanzânia.

O Irão tem também ligações confirmadas com muitas redes de contrabando de droga no Corno de África, segundo Abdul Salam Mohammed, director do Centro de Estudos e Investigação Abaad, no Iémen.

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