A Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) entregou com sucesso seis bases operacionais avançadas (FOB) às forças de segurança somalis, ao concluir a primeira fase da retirada de 2.000 tropas do país no final de Junho.
As seis FOB são Xaaji Cali, Miirtugo, Cadale, Albao, Gherille e Aljazeera 1. Uma outra, Marka Ayub, foi encerrada. Na segunda fase, está prevista a retirada de mais 3.000 soldados até ao final de Setembro. A ATMIS tem até Dezembro de 2024 para transferir todas as responsabilidades de segurança para a Somália.
O desafio de segurança mais premente na Somália é a luta contra o al-Shabaab, o grupo terrorista brutal conhecido por atacar indiscriminadamente as forças de segurança e os civis.
As duas últimas FOB entregues foram a Al-Jazeera 1, nos arredores de Mogadíscio, que era da responsabilidade das Forças de Defesa Popular do Uganda (UPDF) na ATMIS, e a Gherille, perto da fronteira com o Quénia, no Estado de Jubaland, que estava sob a responsabilidade das Forças de Defesa do Quénia (KDF) na ATMIS.
O comandante do contingente do Ugandada na ATMIS, Brigadeiro-General Peter Omola, entregou Al-Jazeera 1, que era um campo de treino, ao Coronel Ahmed Mohamed Hassan, conselheiro do chefe das forças de defesa do Exército Nacional da Somália (SNA).
Omola disse que as forças ugandesas realizaram vários cursos sobre neutralização de engenhos explosivos, ou NEE, combate aos dispositivos explosivos improvisados, ou C-IED, e treino de busca de rotas.
Hassan elogiou a União Africana e as UPDF pelos seus esforços para restaurar a segurança na Somália.
“Sentimo-nos honrados pelo facto de a ATMIS e a sua antecessora, a AMISOM, terem assumido a responsabilidade pela segurança destas FOB, em especial a Al-Jazeera 1,” afirmou Hassan num comunicado de imprensa da ATMIS.
Em Gherille, o comandante da FOB da ATMIS, Major Terence Shitanda Soita, entregou a base ao comandante das Forças de Segurança de Jubaland (JSF) da FOB, Tenente-Coronel Salan Afey.
O Tenente-Coronel Andrew Kamau Nganga, comandante do Batalhão das KDF na ATMIS, baseado em Burahache, na região de Gedo, na Somália, descreveu a entrega como histórica e elogiou as SSF pela sua cooperação.
“Continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com o novo comandante e a sua equipa para os ajudar a estabelecerem-se,” afirmou Nganga num comunicado de imprensa da ATMIS.
O Coronel Noor Abdi Hussein, vice-comandante das JSF na região de Gedo, agradeceu o apoio das tropas das KDF na ATMIS.
“Um dos maiores sacrifícios que alguém pode fazer é derramar o seu sangue por nós e foi exactamente isso que as KDF fizeram pela Somália,” afirmou Hussein. “O Quénia é como a nossa mão direita. Têm-nos apoiado muito.”
Alguns observadores receiam que a retirada da ATMIS venha a encorajar o al-Shabaab. Dias depois da transferência da FOB de Gherille, o al-Shabaab atacou a base. As tropas do SNA impediram o ataque após um feroz tiroteio, segundo o site de notícias somali garoweonline.com.
No início de Julho, o chefe da ATMIS, Mohamed El-Amine Souef, prometeu que a retirada das tropas não comprometeria a segurança.
“Como parte dos esforços para apoiar as Forças de Segurança da Somália e garantir a continuidade e sustentabilidade das FOB que foram entregues, o UNSOS (Gabinete de Apoio das Nações Unidas na Somália) ofereceu algum equipamento que estava estacionado nas FOB,” disse Souef numa conferência de imprensa. “Estamos convencidos de que o equipamento oferecido atingirá o seu objectivo.”
Também no início de Julho, o Presidente do Quénia, William Ruto, prometeu que as forças quenianas permanecerão na Somália para além do prazo de retirada da ATMIS.
“Por causa da retirada das tropas, o al-Shabaab está a tentar criar a impressão de que vai dominar a região,” disse Ruto à France 24. “Não permitiremos que isso aconteça. … O al-Shabaab não vai inverter os ganhos que obtivemos durante alguns anos.”