EQUIPA DA ADF
Líderes seniores das forças terrestres de toda a África reuniram-se na Costa do Marfim, em Maio, na Cimeira das Forças Terrestres Africanas de 2023 (ALFS). Foi uma oportunidade para debater as ameaças comuns que enfrentam e a necessidade de cooperação, uma vez que os grupos extremistas procuram deslocar-se do Sahel para a costa da África Ocidental.
“As forças terrestres devem unir-se e trabalhar em conjunto,” disse o Major-General Christopher Musa, comandante do Corpo de Infantaria do Exército da Nigéria. “A guerra assimétrica requer os serviços de todos – uma abordagem de todo o domínio, de toda a região. É por isso que é importante que nos encontremos, que analisemos todos os desafios que enfrentamos e a melhor forma de os ultrapassar.”
Os chefes militares e outros líderes de 39 países africanos participaram na cimeira de cinco dias patrocinada pelo Exército dos EUA, juntamente com representantes de organizações como a União Africana e as Nações Unidas.
Durante a semana, participaram em cinco sessões com apresentações de líderes do pensamento académico e painéis de discussão com funcionários governamentais. Os participantes sublinharam que a livre troca de ideias e o debate franco entre líderes do exército são raros e extremamente necessários.
O General Dennis Sitali Alibuzwi, comandante das forças terrestres do exército zambiano, disse que os líderes militares, muitas vezes, se sentem constrangidos e incapazes de “falar livremente” com os seus homólogos do continente, mas acredita que no final da cimeira verão os benefícios de tais trocas francas.
“Os exércitos africanos têm doutrinas, antecedentes e história diferentes e, por isso, juntando toda esta experiência, estou certo de que serão encontradas soluções para os desafios africanos que enfrentamos,” disse Alibuzwi.
Os debates em grandes e pequenos grupos abordaram temas como as operações de manutenção da paz em África, o combate às organizações extremistas violentas, os factores de instabilidade e estabilidade, bem como a importância das equipas de comando.
O Chefe de Gabinete da Grande Chancelaria da Costa do Marfim, Dr. Jean-Jacques Konadjé, descreveu o continente e, especificamente, a região do Sahel como a linha da frente das políticas e abordagens antiterroristas. Enumerou as vulnerabilidades económicas, geográficas e governamentais que as organizações extremistas violentas procuram explorar e atacar.
“O acesso não é justo e equitativo no que diz respeito à distribuição dos recursos naturais, e tudo isso está a contribuir para a insegurança alimentar,” afirmou. “Temos a região de Liptako-Gourma entre o Níger, o Burquina Faso e o Mali, uma grande terra de ninguém.
“Temos a disponibilidade de armas que circulam ilegalmente em toda a região. As fronteiras também são fracas e porosas.”
Com a sua proximidade do epicentro do terrorismo a norte, no Sahel, o país anfitrião apresentou um cenário no vulnerável Golfo da Guiné, que tem sido alvo de múltiplos grupos extremistas.
Lassina Diarra, investigadora do Centro de Estratégias e Segurança para o Sahel Sahara, fez uma apresentação sobre a intenção de expansão dos grupos terroristas e sobre os esforços antiterroristas que tentaram bloquear esse movimento.
“A África Ocidental é a zona mais quente em termos de atentados terroristas, um dos pontos mais quentes do mundo,” afirmou a 11 de Maio. “[No Mali e no Burquina Faso], foram criadas células autónomas para cometer atentados terroristas.
“O mais importante para eles é criar violência nos seus territórios para se poderem deslocar para outros Estados como o Benim, o Togo e o Gana.”
Comparou os esforços sub-regionais do grupo G5 do Sahel com a Iniciativa de Acra, que têm “dois objectivos operacionais e militares diferentes.”
O Tenente-Coronel Yves Guito Koffo, vice-chefe do Gabinete de Informações Militares da Costa do Marfim, deu mais informações sobre os esforços antiterroristas do seu país a nível sub-regional e nacional.
“A Iniciativa de Acra tem mais a ver com a partilha de informações, mas neste momento estão a planear operações conjuntas,” disse.
“[A nível nacional], na Costa do Marfim, o governo tentou aumentar a capacidade de recolha de inteligência, de vigilância e também de aprender novos métodos para detectar e prevenir a radicalização.”
A chave para combater o terrorismo, disse Diarra, são os esforços de colaboração a vários níveis.
“O terrorismo transfronteiriço exige uma cooperação a nível internacional, regional, sub-regional e bilateral,” disse Diarra. “Contudo, alguns Estados optaram por procurar mercenários para cooperar, em vez de cooperarem com os Estados na luta contra o terrorismo.”
Os participantes da cimeira visitaram a L’Académie Internationale de Lutte Contre le Terrorisme (Academia Internacional de Luta Contra o Terrorismo) e assistiram a demonstrações de operações antiterroristas realizadas por soldados da Costa do Marfim.
O Chefe do Estado-Maior da Defesa da Costa do Marfim, Tenente-General Lassina Doumbia, manifestou grande orgulho por ter acolhido com êxito a ALFS 2023.
“Isso renova o empenhamento dos nossos países em unir sempre a nossa solidariedade e as nossas iniciativas,” afirmou. “Há esperança de promover a segurança humana.”