Manadas De Elefantes Do Zimbabwe Constituem Uma Ameaça Crescente Para A População

AGÊNCIA FRANCE-PRESSE

Hanganani Gideon Dube, de 75 anos de idade, caminha coxeando ligeiramente e o seu discurso tem sido trabalhado desde que ele miraculosamente sobreviveu depois de ser pisoteado por um elefante no noroeste do Zimbabwe.

Ele considera-se sortudo por estar vivo depois do incidente de Maio de 2021, próximo da aldeia Mabale, nos arredores do Parque Nacional Hwange. Os ferimentos deixaram-no incapaz de prover para a sua família de seis pessoas.

Dube estava a cuidar do seu gado quando “de repente encontrei-me cara-a-cara com um elefante.” Ele correu, sem se aperceber que estava a correr directamente para o caminho de um outro elefante. “Não houve tempo para eu fugir do segundo elefante. Este atacou-me rapidamente, e eu desmaiei,” disse.

“Tenho sorte de estar vivo, mas agora estou incapacitado e não posso mais fazer qualquer trabalho físico, incluindo cuidar do meu gado.”

Pelo menos 60 pessoas foram mortas por elefantes no Zimbabwe entre Janeiro e finais de Maio de 2022, em comparação com 72 ao longo do ano de 2021. O sucesso do Zimbabwe na área de conservação aumentou o conflito entre elefantes e seres humanos.

Com cerca de 100.000 elefantes, o Zimbabwe possui a segunda maior população depois do Botswana e cerca de um quarto dos elefantes de toda a África.

Mais de metade dos elefantes vive dentro e fora do parque da vida selvagem, sem vedação, em Hwange.

Os elefantes andam livremente no Zimbabwe, passeando pelas reservas de caça extensas e sem vedação. É comum encontrar manadas a atravessar ou descansar ao longo da auto-estrada principal que parte de Hwange para Victoria Falls. 

A população de elefantes no Zimbabwe está a crescer em cerca de 5% por ano, alcançando níveis insustentáveis.

Zimbabwe, Botswana, Namíbia e Zâmbia querem que a Convenção das Nações Unidas de Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, habitualmente designada de CITES, retire a proibição do comércio do marfim. 

Os países argumentam que retirar a proibição poderá ajudar a preservar melhor os animais e trazer benefícios económicos às comunidades locais que vivem próximo deles. Os conservacionistas estão preocupados.

“Os nossos métodos de conservação estão a funcionar e eu acredito que em vez de sermos punidos devíamos ser premiados,” Fulton Mangwanya, director da Autoridade de Gestão de Parques de Vida Selvagem do Zimbabwe, disse à Agência France-Presse, numa conferência em Hwange, onde o governo estava em conversações sobre a legalização do comércio de marfim.

Comentários estão fechados.