EQUIPA DA ADF
O artista senegalês, Fally Sene Sow, inspirou-se nos dias de depressão da pandemia da COVID-19 para criar uma visão daquilo que o seu bairro um dia pode parecer, em Dakar.
Ele criou um conjunto de edifícios modelo numa sala, cada um com vários estágios de delapidação, cercados por esqueletos e animais grotescos, cobrindo 30 metros quadrados.
Sow, de 34 anos de idade, encontra-se entre os artistas e grupos escolhidos para a 14ª bienal de Dakar, uma das mais antigas celebrações de arte de África. O evento não decorria desde 2020 por causa da pandemia.
“Eu vivo no centro do mercado e, por isso, tenho este teatro diante de mim,” disse Sow à Reuters enquanto colocava os toques finais no seu trabalho.
“É fenomenal,” Ifeoma Dile, um entusiasta de arte de Londres, disse à Reuters falando sobre o trabalho de Sow. “Fiquei com arrepios só de olhar para tudo isso e quanto tempo deve ter levado para ele criar tudo aquilo neste espaço. É espantoso.”
A bienal de 2022 contou com trabalhos de mais de 2.500 artistas provenientes de 85 países. No passado, o festival trouxe cerca de 250.000 visitantes.
Uma parcela ao longo da praia demonstra dois mausoléus em formato de pirâmide. Dezenas de rostos parecem estar a gritar a partir do interior e de fora de muros. Uma linha de sapatos leva para fora a partir de túmulos e em direcção aos limites do penhasco do corniche de Dakar, uma imagem feita pelo artista senegalês, Yakhya Ba, para demonstrar as dificuldades dos migrantes.
A grande escultura do cão amarelo do artista egípcio, Khaled Zaki, foi feita para crianças e para chamar atenção ao problema de caninos perdidos em Dakar.
O festival decorreu numa altura em que decorria uma guerra na Europa entre a Rússia e a Ucrânia. O director artístico, El Hadji Malick Ndiaye, disse à Agência France-Presse que a arte era necessária para encorajar a reflexão em tempos difíceis como estes.
“Quando as armas soam, temos de certificar que a cultura o faz também,” referiu.