EQUIPA DA ADF
A província de Savanes, no norte do Togo, continua em estado de emergência, numa altura em que o país luta contra ataques repetitivos de extremistas do vizinho Burquina Faso.
Desde Novembro de 2021, os extremistas mataram e feriram dezenas de residentes de Savanes e soldados. Um dos piores ataques ocorreu em Maio de 2022, quando dezenas de homens armados que se faziam transportar em motorizadas mataram oito soldados, durante um ataque num posto avançado do exército, em Kpinkankandi.
Depois disso, mais ataques vieram ao longo da fronteira de 131 quilómetros, do Togo com o Burquina Faso, chegando a aproximadamente um por mês até Novembro.
Em Dezembro de 2022, o Presidente do Togo, Faure Gnassingbé, disse que iria supervisionar pessoalmente as forças armadas em meio a contínua instabilidade. Durante um discurso da noite de passagem do ano, ele comprometeu-se em ser inflexível para enfrentar a ameaça.
“Estamos a fazer tudo o que é possível para defender a terra natal atacada,” disse. “E, nesta luta, estou convencido de que, com a ajuda de Deus, seremos vitoriosos. Iremos vencer as forças do mal. Estas forças serão derrotadas nos portões de Togo.”
O Togo juntou-se aos seus vizinhos do norte do Golfo da Guiné na defesa contra as incursões extremistas. No ano passado, Benin, Costa do Marfim e Gana lutaram contra as tentativas dos extremistas de pressionarem em direcção ao sul, para a costa, de modo a garantir linhas de fornecimento para as suas bases no Sahel.
Mesmo numa altura em que defende o seu território dos extremistas, o Togo alberga mais de 4.000 pessoas deslocadas por ataques nos países vizinhos. Também está a lidar com milhares de seus próprios cidadãos que fogem das suas comunidades depois dos ataques extremistas.
Enquanto procura manter a segurança em Savanes, o governo do Togo expandiu a sua presença militar na região. Enviou soldados para a região, na operação Koundjoare, inicialmente lançada em 2018, que visa prevenir a infiltração de extremistas violentos.
Em Setembro, prorrogou um estado de emergência inicial até Março de 2023. Nos termos dessa ordem, os oficiais de segurança podem proibir o movimento, banir aglomerados em estradas públicas e prender qualquer pessoa que considerarem suspeita.
Especialistas possuem teorias diferentes em relação ao que está a motivar os ataques.
De acordo com o investigador Dr. Folahanmi Aina, os ataques extremistas no norte do Togo também foram concebidos para ganhar notoriedade e engrossar as suas fileiras.
“Estabelecendo a presença no Togo, os grupos extremistas saem a ganhar, recrutando soldados rasos,” escreveu Aina para o The Conversation, depois do ataque de Maio de 2022. “Estar no norte do Togo também os coloca próximo do Burquina Faso, possibilitando que haja colaborações transfronteiriças e ataques com outros extremistas violentos que operam naquela área.”
Francis Kpatindé, um diplomata e professor na Science Po Paris, considera os ataques uma retribuição contra os cidadãos de Savanes que ajudaram as forças de segurança a desmantelar outras operações extremistas. Nalguns casos, os atacantes foram de casa em casa, visando certos indivíduos.
“Muitos ataques foram frustrados,” disse Kpatindé à TV5 Monde, da França. “Os outros ataques tiveram publicidade devido a perdas humanas que causaram. Na verdade, para cada ataque bem-sucedido, existem vários que fracassaram.”
Jeannine Ella Abatan, uma investigadora do Instituto de Estudos de Segurança, no Senegal, disse que o Togo deve manter o apoio e a confiança dos residentes locais enquanto luta contra os extremistas.
“As autoridades devem continuar a fortalecer esta confiança, demonstrando toda a utilidade do Estado para essas populações, estando presentes nas suas vidas diárias, mas também as protegendo numa situação cada vez mais difícil,” disse Abatan à TV5 Monde.
Isso pode ser difícil numa área com elevados índices de pobreza e um histórico de negligência do governo, afirmam os especialistas.
“O Togo tem condições criadas para que os extremistas se instalem,” escreveu Aina.