Força Regional da CAO Destaca-se no Leste da RDC

EQUIPA DA ADF

Quando o presidente Félix Tshisekedi, da República Democrática do Congo (RDC), participou na 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, as províncias agitadas do leste do seu país estavam no topo da sua agenda.

Depois de aceitar a RDC como um novo membro em Março, a Comunidade da África Oriental (CAO) concordou, em Junho, em enviar milhares de tropas para quatro províncias que têm sido assoladas pela violência há duas décadas.

“A força está a ser enviada,” Tshisekedi disse à imprensa, no dia 26 de Setembro. “É por isso que estivemos aqui e é por isso que fizemos contactos. Foi para sensibilizar os doadores a apoiarem esta força regional.”

As tropas do Burundi foram as primeiras a ser enviadas, no dia 15 de Agosto, para a província do Kivu do Sul.

Desde meados de Setembro, as Forças de Defesa do Quénia (KDF) estiveram a enviar sistemas de apoio logístico na província do Kivu do Norte ao redor das cidades de Bunagana e Kasindi, logo após a fronteira sudoeste do Uganda.

“Está a ser enviado pouco a pouco,” disse Tshisekedi.

O Sudão do Sul tinha dito que iria enviar 750 soldados. Tanzânia e Uganda irão compor os remanescentes membros da força. Mas até agora não houve um anúncio do período para outros envios.

A força irá combater em conjunto com os militares congoleses e será comandada pelo Major-General Jeff Nyagah, das KDF, que apresentou o conceito das operações durante o encontro do dia 9 de Setembro, na sede da CAO, em Arusha, Tanzânia.

A CAO irá reunir entre 6.500 e 12.000 tropas com mandato para “conter, derrotar e erradicar as forças negativas” em quatro províncias congolesas: Haut Uélé, Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul.

Nyagah, que irá criar o centro nevrálgico da força de combate na capital da província do Kivu do Norte, Goma, disse que o mandato renovável estará sujeito a uma revisão estratégica a cada dois meses.

“Temos um período de seis meses e depois a partir daí estaremos em posição de levar a cabo uma avaliação daquilo que teremos sido capazes de fazer juntos e se existem lacunas,” disse à NTV, do Uganda, depois do encontro da CAO, no dia 9 de Setembro.

Nelleke van de Walle, directora de projectos do Grupo da Crise da Região dos Grandes Lagos, comunicou que cada país contribuinte com tropas irá seguir uma missão distinta.

  • Os soldados do Uganda irão reforçar as suas unidades que têm estado a combater as forças rebeldes das Forças Democráticas Aliadas, no Kivu do Norte e em Ituri, desde Novembro de 2021.
  • As KDF estão a ser enviadas para uma área controlada pelo grupo rebelde M23, desde o dia 14 de Junho, quando o grupo regressou aos conflitos depois de permanecer dormente por aproximadamente uma década.
  • As forças do Burundi e da Tanzânia irão operar no Kivu do Sul, onde o exército do Burundi tem estado a combater a milícia do RED-Tabara, com a aprovação implícita da RDC, desde Dezembro de 2021.
  • As tropas do Sudão do Sul têm o plano de combater o Exército da Resistência do Senhor, próximo da fronteira daquele país com a província de Haut-Uélé, da RDC.

Van de Walle alertou que colocar mais soldados no terreno, na RDC, pode aumentar a instabilidade em vez de limitar a violência.

“Existem riscos significativos no avanço da CAO com a missão de combate,” escreveu. “As intervenções armadas na região não têm um forte registo de sucesso duradouro, e alistar países que têm interesses estratégicos económicos na região pode piorar uma situação que já é perigosa.

“Muitos vizinhos da RDC repetida e deliberadamente prejudicaram a estabilidade, na sua zona leste, reforçando combatentes que os representavam e explorando as suas enormes quantidades de recursos naturais.”

Apesar de uma generalizada falta de confiança nas intervenções estrangeiras pelos congoleses do leste, o analista de segurança da região dos Grandes Lagos, Dismas Nkunda, disse que as forças da CAO possuem o potencial para convencer os civis.

“É uma ideia bem recebida,” disse à Voz da América. “Achamos que os únicos países que talvez possam ter enviado sem conflito de interesse sejam Tanzânia, Sudão do Sul e Quénia.”

Convencer os corações e as mentes faz parte do plano de Tshisekedi.

“Também é importante que haja uma sensibilização das comunidades locais sobre o objectivo da força regional para acabar com qualquer suspeita negativa, para que possamos ter paz naquela região,” disse num comunicado, no dia 9 de Setembro, depois de autorizar o envio da CAO.

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