EQUIPA DA ADF
Depois de causarem o surgimento de uma nova vaga de infecções na África do Sul, as estirpes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron da COVID-19 estão a assolar rapidamente outros países por causa das mudanças que fazem com que as estirpes sejam mais contagiosas e mais capazes de vencer a imunidade existente.
Assim como nas variações anteriores da COVID-19, as subvariantes BA.4 e BA.5 evoluíram, causando mudanças nas suas proteínas spike, que são as chaves que o vírus utiliza para desbloquear as células do corpo e utilizá-las para se replicar.
Estudos feitos em África, na Europa e na América do Norte demonstram que as novas estirpes — registadas primeiramente na África do Sul em Janeiro e Fevereiro — podem escapar e passar pelas protecções fornecidas pelos tratamentos e reforços mRNA e pela imunidade natural criada pelas infecções anteriores.
A BA.5 é quatro vezes mais resistente aos medicamentos de protecção do que a estirpe BA.2 da Ómicron que a gerou, de acordo com os estudos.
Numa recente conferência de imprensa, o director interino do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, Dr. Ahmed Ogwel, observou que a BA.5 representa cerca de 21% de todos os novos casos de COVID-19 no continente. A BA.4 representa 19% dos novos casos.
Ogwell disse que as taxas de positividade de testes continuam em cerca de 11%. A África do Norte representa 67% dos novos casos.
“À medida que as subvariantes emergem, não é surpreendente que elas sejam capazes de escapar da imunidade,” Dr. Clarence Buddy Creech, director do Programa de Pesquisa da Vacina de Vanderbilt da Universidade de Vanderbilt, em Tennessee, disse ao Medical News Today. “As variantes, que são facilmente neutralizadas pelo nosso sistema imunológico, terão dificuldades de tornar-se estirpes dominantes agora que a vasta maioria de indivíduos foi vacinada ou infectada com a COVID-19.”
Quanto mais antiga for a imunidade de uma pessoa, maior é o risco de contrair a BA.4 ou BA.5, de acordo com os estudos. Investigações preliminares do Qatar demonstram que a imunidade natural adquirida nos últimos 14 meses continua 97% eficaz contra a doença grave causada por infecções inéditas da BA.5 e outras estripes recentes.
Os investigadores ainda estão a determinar com precisão o grau de contágio das subvariantes BA.4 e BA.5. Um estudo da Austrália sugere que uma única pessoa com a BA.5 pode infectar mais de 18 outras pessoas — uma taxa de infecção semelhante à do sarampo. Por comparação, a variante Delta tinha uma taxa de infecção de sete.
Diferentemente da vaga da variante Delta, que se encontrava entre as mais mortais desde que a pandemia começou no início de 2020, BA.4, BA.5 e outras estirpes da variante Ómicron produziram muito menos mortes e internamentos em pessoas que tinham imunidade existente.
De acordo com o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul, o número de mortes das estirpes BA.4 e BA.5 era cerca de um terço do número de mortes da vaga da Ómicron original. Os números de internamentos eram igualmente baixos.
“Neste momento, não temos qualquer prova que nos leve a uma maior taxa de mortalidade. Então, isso é bom,” Dr. Gregory Poland, da Mayo Clinic, em Minesota, disse durante um recente vídeo informativo.
Pessoas sem imunidade são cinco vezes mais susceptíveis de ficar infectadas por BA.4 ou BA. 5 do que aquelas com imunidade, acrescentou Poland.
“Esperamos que exista imunidade subjacente suficiente para que não registemos a doença grave, e alguns estudos apontam para isso,” Dra. Amira Roess, professora de saúde global e epidemiologia, na Universidade George Mason, Virgínia, disse ao Medical News Today. “Outros estudos demonstram que a doença grave regista-se principalmente em pessoas com condições subjacentes significativas ou com idade avançada.”