Verificação de Factos Sobre a Desinformação da COVID-19

O presente artigo faz parte de uma série contínua.
Para conferir mais afirmações desmistificadas sobre a COVID-19, visite o primeiro artigo da série

EQUIPA DA ADF

As redes sociais podem ser uma ferramenta eficaz para a propagação de informação precisa sobre a COVID-19 e ajudar a proteger contra a propagação da pandemia. As suas múltiplas plataformas também podem ser utilizadas para disseminar informação falsa sobre a doença, as suas origens e como tratá-la.
Centenas de mitos fomentados pelas redes sociais sobre a COVID-19 circularam e foram desmistificados desde que a pandemia começou. O presente artigo expõe parte da desinformação que esteve em circulação, causando paranóia, falta de confiança em relação às autoridades sanitárias e uma atitude de desleixo em relação à uma doença que já matou mais de 254.000 pessoas em África.A seguir encontra-se uma pequena selecção de alegações desmitificadas sobre a COVID-19:

Crianças do Quénia lavam as mãos para matar micróbios e prevenir a propagação da COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

Sim, os Micróbios Existem

Embora a ciência moderna afirme que muitas doenças, como a COVID-19, são causadas por micróbios, uma publicação do Facebook que foi amplamente divulgada, do mês de Maio de 2022, afirmou “que os micróbios não atacam um organismo saudável.”

A publicação afirmou ainda que “os micróbios são, na verdade, nossos amigos, ajudando-nos em muitos processos do organismo desde a digestão, composição de nutrientes até a desintoxicação e cura.” Embora não sejam todos os micróbios que fazem com que as pessoas fiquem doentes, alguns o fazem, como aqueles que causam a COVID-19.

A longa publicação também fez a alegação irónica de que os seres humanos não possuem sistemas imunológicos. Conforme observa o Africa Check, séculos de pesquisa médica comprovaram que os seres humanos possuem sistemas imunológicos que ajudam a prevenir doenças.

 

Um agente da polícia nigeriano monta guarda num mercado que foi encerrado devido ao desrespeito pelas medidas de prevenção da COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

Estudo Nigeriano Sobre Anticorpos da COVID-19

Enquanto se marcava dois anos desde que a pandemia atingiu a Nigéria, o jornal Guardian, daquele país, analisou os resultados de um estudo do Centro de Controlo de Doenças da Nigéria (NCDC). O artigo comunicou que mais de 50% da população tinha contraído a COVID-19 e agora possuía anticorpos para combater a doença.

“Em outras palavras, mais de 50% dos nigerianos tinha sobrevivido ao vírus,” comunicou o jornal. O artigo incluiu citações do Dr. Chinwe Ochu, que lidera os programas de prevenção e gestão de conhecimento do centro.

Contudo, o Dr. Yahya Disu, director de comunicação de risco do NCDC, disse ao África Check que Ochu não tinha feito uma declaração conclusiva sobre os resultados do estudo.

“O estudo ainda está em curso,” disse Disu. “Foi realizado em apenas cerca de seis Estados, e os resultados variam significativamente. Por isso, não é correcto concluir que o estudo descobriu que mais de 50% da população nigeriana esteve exposta à COVID-19 e desenvolveu anticorpos para ela.”

 

A ivermectina não é eficaz para o tratamento da COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

Pandemia “Preparada” por Psicopatas Ricos

Uma publicação do Facebook divulgada na África do Sul procura demonstrar um advogado alemão a apresentar factos a um grande júri sobre as origens da pandemia.

O vídeo é sobre um “grupo de psicopatas e sociopatas muito ricos,” que o advogado afirma terem “preparado” a COVID-19, de acordo com o que o Africa Check comunicou.

As decisões do grande júri não são juridicamente vinculativas, e apenas dois países do mundo — os Estados Unidos e a Libéria — as utilizam.

O advogado que aparece no vídeo é

, que é famoso por fazer afirmações falsas sobre a COVID-19. Na verdade, o “grande júri” é
 um grupo designado de “Grande Júri: O Tribunal da Opinião Pública,” que foi fundado e gerido pelo

, uma organização conhecida por negar a gravidade da COVID-19, de acordo com o Africa Check.

Fuellmich faz muitas alegacões descabidas no vídeo, dizendo inclusivamente que a COVID-19 pode ser tratada com a vitamina C, vitamina D, zinco, ivermectina e hidroxicloroquina. Tais alegações foram amplamente refutadas por especialistas em matéria de saúde e organizações de saúde pública do mundo.

 

O bicarbonato de sódio é útil para fazer pão e outros produtos da panificação, mas não trata a COVID-19. AFP/GETTY IMAGES

Bicarbonato de Sódio Não é Uma Cura Milagrosa

Uma publicação do Facebook que viralizou, escrita em Afrikaans, afirmou que ingerindo bicarbonato de sódio com água todos os dias, “pode-se proteger o organismo contra vírus mortais e até salvar a vida.”

A publicação afirma que o bicarbonato de sódio pode matar qualquer vírus no corpo humano, destruir células de cancro e aumentar os níveis de oxigénio, entre outros benefícios. De acordo com o Africa Check, a publicação teve centenas de milhares de visualizações.

O bicarbonato de sódio pode ajudar a reduzir a placa e a gengivite quando se escovam os dentes, diminuir os sintomas de refluxo de ácido ocasional e aliviar algumas formas de irritação cutânea. Mas não é seguro para utilizar a longo prazo. Potenciais efeitos colaterais letais incluem doença dos rins, deficiências de minerais, hipertensão, insuficiência cardíaca e problemas intestinais.

O presente artigo faz parte de uma série contínua. Para conferir mais afirmações desmitificadas sobre a COVID-19, visite os outros artigos da série.

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