EQUIPA DA ADF
O director do Serviço de Saúde do Gana, Dr. Franklin Asiedu-Bekoe, comunicou recentemente que uma nova vaga de infecções pela COVID-19 parece estar a surgir no seu país, um padrão que está a repetir-se em quase toda a África.
De acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), as infecções estão a aumentar em todas as regiões do continente, excepto na África Austral, onde a queda drástica nos números da África do Sul veio depois da sua quinta vaga de curta duração.
Embora a África do Sul atribua a culpa da sua mais recente vaga às estirpes BA.4 e BA.5 da variante Ómicron, não está claro o que está a impulsionar as novas vagas em outros países. Na Europa e em algumas partes da América do Norte, as recentes vagas foram impulsionadas pela estirpe BA.2 da Ómicron.
No final de Maio, o director interino do Africa ACDC, Dr. Ahmed Ogwell, comunicou que 16 países tinham registado a presença da BA.2 entre a sua população.
Ogwell comunicou que durante o mês de Maio as infecções aumentaram em 90% no África Oriental, 36% na África do Norte, 35% na África Ocidental e 12% na África Central. As mortes aumentaram em 5% nesse mesmo período.
“Isso demonstra que o vírus não está totalmente fora do sistema,” Asiedu-Bekoe disse ao serviço de notícias myjoyonline.com.
Esta vaga da COVID-19 coincide com um surto de gripe em Gana, acrescentou, por isso, muitas pessoas estão a tossir e a espirrar.
“Muitos dos resultados dos testes dão positivo para H3N2 (gripe) ou COVID-19,” disse Asiedu-Bekoe.
Recentes relatórios de hospitais da América do Norte demonstram que as infecções pela COVID-19 mudaram o comportamento da gripe e dos rinovírus, que causam a gripe comum. Entre outras coisas, parece que a COVID-19 está a mudar os surtos sazonais da gripe para um período mais posterior ao longo do ano.
No outro lado do continente, o Uganda está a experimentar um aumento de casos da COVID-19 semelhante ao de Gana.
A ministra de saúde do Uganda, Jane Ruth Aceng, disse que o aumento é semelhante ao aumento que o país experimentou durante o surto da variante Delta, em Junho de 2021. Nas primeiras duas semanas de Junho de 2022, o país registou cerca de 41.000 casos de COVID-19 por dia em média, com cerca de 150 internamentos e nenhuma morte, de acordo com o Instituto de Métricas e Avaliações em Saúde (IHME).
“Como país, estamos melhor preparados para responder e salvar vidas do que antes,” disse Aceng, num recente comunicado de imprensa. “Iremos optimizar os controlos existentes e as ferramentas de mitigação a níveis pessoal e comunitário.”
Aceng disse que os especialistas de saúde pública estão a recomendar máscaras, lavagem das mãos e medicamentos para reduzir o impacto da vaga de infecção. A análise do IHME estima que 93% dos ugandeses ficaram infectados com a COVID-19 e, por conseguinte, possuem alguma forma de imunidade.
De acordo com o Africa CDC, a Etiópia viu os seus novos casos de COVID-19 aumentar para mais do que o dobro durante o mês de Maio. O país está a experimentar aproximadamente 600 novos casos por dia em média, o que representa cerca de 14% do total alcançado durante o último pico registado no dia 30 de Dezembro de 2021, de acordo com a Reuters.
O vizinho Quénia viu a sua contagem de novos casos aumentar em 70% em Maio, de acordo com o Africa CDC.
Embora os números de casos estejam a aumentar, eles são muito menores do que o aumento associado à primeira vaga da Ómicron que muitos países registaram no final de Dezembro de 2021 ou no início de Janeiro de 2022. Os 215 casos diários do Quénia são cerca de 10% do número de casos registados quando a primeira vaga da Ómicron atingiu o pico no início de Janeiro.
Na África do Sul, um recente estudo de doações de sangue demonstrou que 98% da população possui algum nível de imunidade à COVID-19. Os especialistas de saúde pública deram crédito da redução global do impacto da mais recente vaga de infecções à imunidade generalizada.
Durante uma recente conferência de imprensa, Ogwell disse que não está claro se os países como Quénia alcançaram níveis semelhantes de imunidade de grupo. Será necessário maior exposição à COVID-19, através de infecção natural ou de intervenção médica, para criar aquele nível de unidade, disse.