O que vem depois da Ómicron? Alguns Dizem Que Serão Variantes Mais Fracas

EQUIPA DA ADF

No dia 12 de Dezembro de 2021, a África do Sul registou 37.875 casos de COVID-19, fazendo com que fosse um novo recorde diário que mais tarde veio a ser considerado o pico do vírus.

Até finais de Janeiro de 2022, novos casos na África do Sul tinham baixado drasticamente e estabilizado em pouco mais de 3.000 casos por semana.

Enquanto os países do mundo experimentassem de igual maneira um aumento rápido e queda do número de infecções pela variante Ómicron, alguns especialistas em matérias de saúde estão a afirmar que as futuras variantes da COVID-19 poderão ser mais fracas.

“Se as variantes anteriores causaram vagas que tinham o formato do Kilimanjaro, o formato da Ómicron é mais como se estivéssemos a escalar a face norte do Monte Everest,” epidemiologista de destaque em matérias de doenças contagiosas na África do Sul, Salim Abdool Karim, disse ao jornal The Washington Post.

“Agora estamos a descer, retornando até à base, no lado sul — e é assim que achamos que pode funcionar com uma variante como a Ómicron e porventura até de forma mais ampla aquilo que iremos ver com as variantes subsequentes neste estágio da pandemia.”

Antes da Ómicron, a SARS-CoV-2 estava evoluir para ser mais severa. Um estudo da Inglaterra demonstrou que a variante Alfa era 40% mais provável de matar uma pessoa do que o vírus original. A variante Delta tinha cerca de duas vezes mais probabilidade de causar internamentos do que a variante Alfa.

Depois a Ómicron trouxe as “boas-novas,” de acordo com o gestor de incidentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), Dr. Abdi Mahamud.

“Estamos a ver cada vez mais e mais estudos que indicam que a Ómicron está a infectar a parte superior do corpo,” disse à imprensa em Genebra, Suíça. “É diferente das outras que podiam causar pneumonia grave. O que estamos a ver agora é …. a dissociação entre os casos e as mortes.”

Um estudo feito por investigadores de Hong Kong concluiu que a Ómicron multiplica-se 70 vezes mais rapidamente nas vias respiratórias em comparação com a variante Delta, o que pode fazer com que as pessoas se contaminem de forma mais rápida. Contudo, comparadas à variante Delta, as infecções da Ómicron tinham 50% de probabilidade de deixar pessoas hospitalizadas.

Esta mudança dos pulmões para parte superior do sistema respiratório foi fundamental, considerou Karim.

“A Ómicron não cresce realmente tão bem nas células do pulmão, mas cresce muito bem no nariz,” disse durante uma entrevista do dia 12 de Janeiro, na Rádio 702, de Joanesburgo. “É por isso que se propaga de forma muito rápida, mas não causa doenças graves que requeiram é necessário oxigénio.”

Mahamud apelou à cautela, contudo, chamando a África do Sul de um caso “periférico,” por causa da sua população jovem, entre outros factores. Ele alertou que a Ómicron ainda constitui uma ameaça para países com sistemas de prestação de cuidados de saúde fracos.

Um dos seus colegas da OMS também alertou que o mundo pode não ter tanta sorte com a próxima variante.

“A próxima variante de preocupação estará mais preparada, e o que queremos dizer com isso é que será mais transmissível pelo fato de que terá de vencer aquela que está actualmente a circular,” Maria Van Kerkhove, técnica principal da OMS no que diz respeito à COVID-19, disse durante uma conferência de imprensa do dia 25 de Janeiro. “A grande pergunta é se as futuras variantes irão ou não ser mais ou menos severas.”

Com dois anos de experiência na investigação da COVID-19, Karim acredita que os líderes mundiais do sector de saúde possuem uma melhor compreensão do vírus. Ele espera que haja mais variantes.

Mas acredita que a prevalência da Ómicron faz com que seja menos provável que haja uma variante nova mais severa.

“O que provavelmente venhamos a ver agora com as futuras variantes é que para poder substituir a Ómicron, terá de ser capaz de propagar-se de forma ainda mais rápida,” disse numa entrevista na televisão estatal, SABC. “Mas somente com base naquilo que podemos ver agora, podemos esperar que, de modo a superar a Ómicron, as futuras variantes teriam de, em todas as possibilidades, ser menos severas.”

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