EQUIPA DA ADF
Os investigadores estão a estudar a mais recente variante da COVID-19 a levantar preocupações entre os especialistas de saúde pública, depois da sua aparição num homem que viajava para a França vindo dos Camarões.
A famosa variante IHU, cujo nome foi atribuído em homenagem ao Méditerranée Infection University Hospital Institute in Marseilles de Marselha, onde a mesma foi identificada, possui um maior número de mutações do que a variante Ómicron, mas, até agora, ainda não suscitou nenhum alerta por parte da Organização Mundial de Saúde. A OMS classificou a variante, conhecida cientificamente por B.1640.2, de “variante sob monitoria” quando ela apareceu por volta da mesma altura em que apareceu a um Ómicron, em finais de 2021.
Os investigadores afirmam que a variante IHU contém as mesmas mutações que foram primeiramente identificadas na variante Alfa e que a tornaram mais transmissível.
Diferentemente da Ómicron, que se propagou rapidamente pelo mundo, a variante IHU tinha infectado cerca de uma dezena de pessoas até ao final de Dezembro de 2021. Todas elas viviam próximas umas das outras na região sudeste da França.
A variante apareceu numa pessoa que tinha viajado a partir dos Camarões, o anfitrião do torneiro de futebol, o Campeonato Africano das Nações deste ano. Os cientistas foram rápidos a observar que a descoberta não significa que a variante tenha originado nos Camarões.
O gestor de incidentes da COVID-19 da OMS, Abdi Mahmud, disse ao The New York Times que a variante IHU está a ser monitorada e não parece estar a propagar-se muito, embora “tenha havido muitas possibilidades de que esta registasse algum aumento.”
Num artigo sobre a variante, publicado pela pelo site medRxiv, os investigadores disseram que ainda é cedo parar tirar conclusões definitivas sobre a virulência ou a transmissibilidade da variante IHU. Mas, acrescentaram, a IHU é um lembrete de quão facilmente a COVID-19 pode viajar de um país para outro.
“Estes dados são mais um exemplo da imprevisibilidade do surgimento das variantes da SARS-CoV-2 e da sua introdução numa determinada área geográfica a partir do exterior,” escreveram os autores.
A variante IHU é a mais recente numa longa lista de variantes da COVID-19 descobertas desde que a pandemia começou no início de 2020. Embora as variantes como a Delta tenham demonstrado ser extremamente transmissíveis e mortais, as outras variantes, como a Eta e a C.1.2, tiveram um menor impacto.
As variantes surgem quando o vírus da COVID-19 se replica dentro de uma pessoa infectada. Quanto mais o vírus se propaga, mais são as possibilidades que ele tem de encontrar uma combinação de alterações genéticas que o ajudam a propagar-se de forma mais fácil no seio de uma população.
As pessoas com um sistema imunológico enfraquecido levam mais tempo para combater uma infecção, produzindo variantes com elevado número de mutações como resultado. Os cientistas acreditam que esta sejam a razão pela qual surgiram as variantes C.1.2 e Ómicron.
Os líderes de saúde pública africanos continuam a pressionar os residentes do continente a usarem as máscaras, a lavarem as mãos e a praticarem o distanciamento social para reduzir a propagação do COVID-19.
O Dr. John Nkengasong, director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, recentemente disse que a sua agência não iria mais recomendar os confinamentos obrigatórios para combater a pandemia, observando que eles trazem repercussões económicas severas e fazem pouco para prevenir a propagação comunitária.
“Na realidade, devemos estar à procura de formas de como podemos utilizar as medidas de saúde pública e sociais de forma mais cuidadosa e equilibrada numa altura que aumentam as vacinações,” disse Nkengasong.