EQUIPA DA ADF
Houve uma explosão estrondosa, chamas disparadas para o céu, e uma nuvem escura de fumo formou-se por cima da linha das árvores, próximo de uma base militar, na Guiné Equatorial.
Depois seguiu-se uma outra explosão. E outra.
No dia 7 de Março de 2021, mais de 100 pessoas foram mortas, entre as quais crianças, e pelo menos 600 ficaram feridas pelas explosões na Base Militar de Nkoantoma, em Bata. Os socorristas atribuíram a culpa da explosão à negligência na utilização de dinamite. Depósitos militares que armazenavam explosivos acenderam-se quando os vizinhos das machambas próximas fizeram chamas, noticiou a Deutsche Welle.
O acampamento do exército foi construído numa floresta distante da cidade, mas Bata, com uma população de mais de 250.000 pessoas, cresceu rapidamente entre 2004 e 2016. A área ao redor da base agora encontra-se densamente habitada.
É frequente haver cidades que se expandem ao redor dos locais de armazenamento de munições em toda a África Subsaariana. Simon Conway, director de capacidade, na Halo Trust, uma organização sem fins lucrativos que remove destroços deixados pela guerra, afirmou que as munições já deviam ter sido retiradas, há muito tempo, para um local mais seguro. Ele acrescentou que armazéns de explosivos reforçados com terra, numa área com boa manutenção, são pouco propensos a detonarem-se.
“O raio da explosão ao redor de um armazém de explosivos deve encontrar-se dentro do perímetro da base militar para reduzir o risco para civis em caso de uma detonação acidental,” afirmou Conway.
Explosões acidentais de depósitos de munições e explosivos são um problema recorrente, com cerca de 15 destas explosões a ocorrerem anualmente a nível mundial. As explosões em locais de armazenamento causaram aproximadamente 30.000 mortes a nível mundial, entre 1979 e 2019, citando dados do Inquérito Sobre Armas Ligeiras.
Os factores mais comuns nas explosões foram relâmpagos e calor excessivo, erros humanos de manuseamento, sabotagem, incêndios, problemas eléctricos e reacções químicas no armazenamento de munições.
O Instituto de Estudos de Segurança sugeriu que os governos testassem a estabilidade dos seus locais de armazenamento de munições, armas e outros armamentos e manuseassem adequadamente quaisquer materiais que não estejam a desempenhar as suas funções de acordo com as especificações.
A pedido do governo da Guiné Equatorial, especialistas técnicos do Centro Internacional de Desminagem Humanitária de Genebra estão a trabalhar com membros da Unidade Francesa de Neutralização de Engenhos Explosivos, da Embaixada dos EUA e da Fundação Humanitária Golden West para apoiar os esforços de desminagem e investigar a causa das explosões, noticiou a ReliefWeb.
Os esforços também servirão para identificar os riscos para a população e para o ambiente, abordar as preocupações relacionadas com armazenamento e manuseamento e ainda dar às autoridades nacionais recomendações sobre redução e mitigação de riscos.
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