AGÊNCIA FRANCE-PRESSE
As pequenas bolas pretas podem ser facilmente confundidas com fezes de animais. No entanto, contêm sementes de acácia que ajudam a renovar as florestas destruídas do Quénia.
Os fiscais do Mara Elephant Project espalharam 22.000 “bolas de sementes” numa parte desmatada ilegalmente na fronteira da floresta Nyakweri, na reserva de animais selvagens de Masai Mara, para permitir a regeneração do meio natural.
As florestas foram desbastadas para pastagem, colheitas e carvão. Segundo Marc Goss, director do projecto, nas últimas duas décadas, Nyakweri perdeu mais de 50 por cento do coberto florestal. Goss e a sua equipa têm vindo a espalhar bolas de sementes nos últimos três anos.
As florestas cobrem cerca de 7 por cento do território do Quénia, são reservas de água e uma defesa contra a desertificação. O Quénia perdeu 5.000 hectares de floresta num ano, afirmou o Ministro do Ambiente, em 2018.
A capa de pó de carvão, desenvolvida pela Seedballs Kenya, impede que a semente seja comida antes de germinar. A casca semi-porosa confere-lhe uma protecção, mesmo em condições áridas.
“Podem ser lançadas à terra o ano inteiro,” afirmou Teddy Kinyanjui, co-fundador da Seedballs Kenya. “As bolas de sementes ficam aqui, à espera da chuva, que retira o pó e depois a semente regressa ao estado natural e pode voltar a crescer.”
As bolas de sementes contêm espécies endógenas, essencialmente variedades de acácias, uma árvore ancestral da savana da África Ocidental, mas muito procurada e abatida devido à qualidade da sua madeira.
Os pequenos agricultores que pretendem uma maneira económica de cobrir os terrenos de verde compram bolas de sementes. Os principais compradores doaram 500 quilogramas aos grupos que trabalham no reflorestamento. Desde o início do projecto, em meados de 2016, a empresa vendeu 13 milhões de bolas de sementes.
A taxa de germinação é reduzida, algumas sementes podem hibernar durante anos, o que pode demorar muito tempo a ter resultados visíveis, explicou Kinyanjui. Apenas cerca de 5 a 10 por cento germinaram.
“Pedir às pessoas para esperar por três anos, ou algo parecido, é muito difícil,” disse Kinyanjui.
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