A vaga de infecções pela estirpe Ómicron da COVID-19, na África do Sul, passou de forma mais rápida do que as vagas anteriores, sem um aumento drástico no número de mortes, anunciou o governo em finais de Dezembro.
Os cientistas afirmam que isso pode ser uma notícia bem acolhida para outros lugares que ainda batalham contra a variante, que é altamente transmissível, mas não ataca os pulmões de forma tão agressiva quanto as estirpes anteriores. Contudo, a Ómicron também gerou dezenas de mutações, e os especialistas estão a alertar a população para permanecer vigilante.
A variante foi primeiramente detectada no Botswana, em Novembro, e desde então propagou-se para pelo menos 22 países africanos.
“Foi surpreendente ver a velocidade com a qual a quarta vaga impulsionada pela Ómicron surgiu, atingiu o pico e depois registou um declínio,” Fareed Abdullah, do Conselho Sul-Africano de Pesquisa Médica, disse num artigo do The New York Times. “Atingiu o pico em quatro semanas e teve um declínio precipitado nas outras duas. Na cidade de Tshwane, esta vaga da Ómicron já passou. Foi mais uma inundação breve do que uma vaga.”
Dra. Angelique Coetzee, uma das primeiras médicas a tratar pacientes com Ómicron na África do Sul, comunicou que a maioria dos pacientes com Ómicron sofriam de sintomas menos severos, como fadiga, suor nocturno e dores musculares.
“Eu pessoalmente tratei de mais de 600 da variante Delta, por isso, estou bem familiarizada com os sintomas clínicos e com a progressão da doença quando se trata de Delta,” disse Coetzee à CNN. “Imediatamente, observamos que este não era o mesmo caso.”
Ela acrescentou que a Ómicron pode acelerar a classificação da COVID-19, de estágio pandémico para estágio endémico, quando as pessoas desenvolverem a imunidade natural através de contracção da Ómicron, sem saber que já a tiveram.
Uma pandemia é uma epidemia que se propaga para vários países e continentes e tipicamente deixa doentes grandes números de pessoas, de acordo com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA. Uma doença endémica é uma que se encontra consistentemente presente numa região específica.
Alan Winde, governador da província do Cabo Ocidental, disse durante uma conferência virtual, no início de Janeiro, que as autoridades sanitárias esperavam uma “diminuição significativa” no número de casos de Ómicron nas semanas seguintes.
“Embora o número de casos e a taxa de positividade dos testes tenham excedido o pico da segunda e da terceira vagas, respectivamente, os internamentos estiveram mais baixos e o número de mortes permaneceu notavelmente baixo,” disse Winde numa reportagem do site sul-africano de notícias, Independent Online.
Ele acrescentou que os sistemas de saúde da província tiveram uma capacidade de resposta adequada durante toda a quarta vaga e que nenhum dos seus hospitais de campanha teve de ser reaberto.
Em resposta à passagem da quarta vaga, o governo da África do Sul cancelou o seu recolher obrigatório a nível nacional, aumentou o número de pessoas permitido em aglomerados para 1.000 em eventos internos e 2.000 para eventos externos e permitiu que os estabelecimentos que servem bebidas alcoólicas permanecessem abertos até depois das 23:00 horas, caso estejam adequadamente licenciados. Ainda é obrigatório que as pessoas usem máscaras em público.
“Embora a variante Ómicron seja altamente transmissível, houve taxas mais baixas de internamento do que nas vagas anteriores,” o Departamento de Saúde da África do Sul referiu num comunicado. “Isso significa que o país possui capacidade de admissão de pacientes de sobra, mesmo para os serviços de saúde de rotina. Existe um aumento marginal no número de mortes em todas as províncias.”