COVID-19 Propicia Um Ano de Inovações

EQUIPA DA ADF

Para os empreendedores, cientistas, médicos e artistas, a COVID-19 foi mais uma vez uma chamada para a acção em 2021. Desde caninos a drones e robots, confira dez formas através das quais os inovadores africanos responderam à pandemia ao longo do ano:

1. Instalações de Produção de Oxigénio Proliferam na Tanzânia
A recusa da pandemia da Tanzânia terminou com a morte, em Março de 2021, do presidente John Magufuli. Quando a nova presidente Samia Suluhu Hassan assumiu o poder, alguns hospitais tanzanianos tinham ficado sem disponibilidade de camas e havia carência de oxigénio médico. Em Maio, a Tanzânia instalou estações de produção de oxigénio médico em sete dos seus maiores hospitais nacionais para ajudar a tratar dos doentes da COVID-19 e outras pessoas gravemente doentes, sinalizando uma mudança drástica na política da pandemia daquele país.

2. Uso de Drones Aumenta no Gana
A chegada da COVID-19 na África Ocidental deu ao piloto de drones ganês, Eric Acquah, um novo propósito para a sua empresa de 3 anos de existência, AcquahMeyer Drone Tech. Rapidamente mudou as suas operações de aspergir pesticidas agrícolas para passar a aspergir desinfectante em locais públicos. Num contrato com as autoridades locais, Acquah utilizou 20 drones para desinfectar 38 mercados que desempenham um papel fundamental na economia e no dia-a-dia dos residentes de Gana. Os drones também foram utilizados para fazer a entrega de medicamentos, materiais médicos e outros itens relacionados com a pandemia em vários outros países africanos, incluindo o Malawi, Ruanda e a África do Sul.

 

Estudantes da Universidade Kenyatta, no Quénia, apresentam um ventilador que produziram em meio a carência das máquinas que potencialmente salvam vidas. AFP/GETTY IMAGES

3. Estudantes Quenianos Resolvem a Situação da Carência de Ventiladores
Quando a demanda de ventiladores a nível global causou o aumento dos preços em meio a carência das máquinas que salvam vidas, 16 estudantes de diferentes áreas disciplinares da Universidade Kenyatta reuniram-se para fazer a diferença. Em menos de uma semana, eles produziram um protótipo de um ventilador chamado Tiba-Vent. Os estudantes aumentaram o número de ventiladores no Quénia, de 500 para 30.000. Cada Tiba-Vent custa menos de 20.000 dólares, em comparação com os 45.000 dólares necessários para a importação de um ventilador. Para além disso, 90% dos materiais utilizados na produção são locais.

4. Aplicativo Somali Optimiza o Atendimento Médico
Quando Khalid Hashi, nascido no Canadá, visitou a Somália, a terra natal dos seus pais, em 2017, para ver a sua avó doente, ele observou que os médicos estavam a partilhar informação médica da sua avó verbalmente. Nada estava a ser escrito. Hashi queria ajudar o sistema de atendimento médico da Somália a documentar e a rastrear o cuidado dos pacientes de forma confiável. Até 2018, com a ajuda de investidores e desenvolvedores de aplicativos, ele já tinha criado o OGOW, um registo médico electrónico (EMR, na sigla inglesa), um sistema feito especificamente para as necessidades dos provedores de cuidados de saúde da Somália. Depois da pandemia ter assolado, Hashi regressou à Somália para ajudar o governo a confrontar a desinformação sobre a doença. A sua equipa expandiu o OGOW EMR para incluir informação sobre a COVID-19 nas línguas Somali e Árabe. Eles acrescentaram um sistema de alerta de textos que pode notificar os subscritores sobre emergências relacionadas com a pandemia e criar vídeos para educar a população sobre os sintomas da COVID-19 e sobre onde fazer um teste.

5. Telessaúde Expande-se em Ruanda e Uganda
Durante a pandemia, a telessaúde tornou-se uma forma importante de limitar o contacto dos profissionais de saúde; permitir que os pacientes infectados, vulneráveis e de zonas remotas possam receber cuidados; e poupar dinheiro através da redução da necessidade de infra-estruturas físicas. Babyl, um provedor digital de cuidados de saúde do Ruanda, registou um aumento em consultas diárias, de 3.000 em Março de 2020 para 5.000 em Agosto de 2021. O provedor ugandês, Rocket Health, disse que as consultas através de telefone e de vídeo aumentaram em 500% em 2020, quadruplicaram de novo até Setembro de 2021.

6. Tecnologia de Smartphones da Etiópia
Enquanto a pandemia assolava a Etiópia, Ewenet Communications, uma empresa de tecnologias em fase inicial etíope desenvolveu o Debo, um aplicativo que simplifica o rastreamento de contactos. Debo utiliza “apertos de mão” via Bluetooth para comunicar com telefones que estiverem nas proximidades, captando a identidade de qualquer pessoa que estiver a pouco mais de um metro e meio de distância, em relação ao telefone do utilizador. Isso faz parte de uma estratégia de rastreamento de contactos que permite a notificação em caso de um dos emparelhados mais tarde testar positivo para a COVID-19. O Instituto de Saúde Pública da Etiópia também recomendou o COVID-19 Ethiopia, um aplicativo que permite que as pessoas informem a sua própria infecção ou alertem as autoridades de saúde sobre outras pessoas que apresentam sintomas.

7. Robots Fazem Cumprir Confinamentos Obrigatórios na Tunísia
O fabricante tunisino Enova Robotics preparou a sua tecnologia para desenvolver robots que ajudam a polícia da capital Túnis a fazer cumprir os confinamentos obrigatórios. Sempre que um robot identifica pessoas fora durante os confinamentos obrigatórios, ele aproxima-se delas e pergunta por que razão estão fora de casa. Posteriormente, elas devem exibir a sua identificação e outros documentos para a câmara do robot para que os oficiais os possam verificar. Conhecidos como PGuards, os robots estão equipados com câmaras de imagem térmica e tecnologia LiDAR que podem rastrear o movimento dos seres.

8. Programa de Dinheiro Digital do Togo
Através do programa de transferência de dinheiro digital, Novissi, os funcionários togoleses reduziram o fardo financeiro sobre os trabalhadores mais afectados pela pandemia. De acordo com o Banco Mundial, o surto ameaçou 62% dos empregos do Togo. O programa distribuiu 4,3 milhões de dólares na sua primeira semana de uso, reportou o Quartz África. Através de algoritmos de aprendizagem automática que utilizam dados de telemóveis e inquéritos por telefone, Novisi identifica as pessoas mais pobres do país e prioriza aquelas que podem beneficiar do programa.

Artista nigeriano, Bamigbose Adams, criou lavatórios para a lavagem das mãos a partir destes tambores metálicos reciclados a fim de ajudar a prevenir a propagação da COVID-19. ABOVE GROUND LEVEL ARTISTRY

9. Artista Nigeriano Transforma Lixo em Estações de Lavagem das Mãos

O artista nigeriano, Bamigbose Adams, observou grandes números de tambores metálicos descartados nas lixeiras da cidade de Lagos e começou a trabalhar. Adams, que gere a Above Ground Level Artistry, em pouco tempo transformou centenas de tambores metálicos reciclados em lavatórios para a lavagem das mãos, operados por meio de um pedal. Depois, Adams vende-os para os hospitais, escolas, empresas e famílias, a fim de promover a lavagem das mãos — o que é essencial na prevenção da propagação da COVID-19. Eles muitas vezes são pintados com cores vibrantes e podem ser entregues a nível nacional.

 

Um oficial da brigada canina do Ruanda e um cão farejador demonstram uma busca por uma amostra da COVID-19. CENTRO BIOMÉDICO DO RUANDA

10. Caninos de Ruanda Farejam o Coronavírus
Em Junho de 2021, o Centro Biomédico do Ruanda, num esforço conjunto com a Polícia Nacional de Ruanda, fez o lançamento de um programa piloto que utiliza cinco cães farejadores para rastrear a COVID-19 no Aeroporto Internacional de Kigali. Os cães detectam a COVID-19, farejando amostras de suor retiradas dos passageiros por meio de panos de algodão. As amostras são posteriormente levadas para uma cabine de farejamento numa área separada. Os cães foram importados da Holanda, treinados pela polícia e pesquisadores alemães por mais de 400 horas e possuem uma taxa de sucesso de 94%.

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