África do Sul Procura Reestabelecer Confiança nas Mensagens Sobre a COVID-19
EQUIPA DA ADF
Enquanto enfrenta uma quarta vaga da COVID-19, que se movimenta de forma rápida, a África do Sul está a trabalhar de forma urgente para educar o público sobre as medidas sanitárias.
A cultura diversificada, a língua, a imprensa e as condições económicas daquele país são algumas das razões pelas quais as autoridades sanitárias enfrentaram dificuldades para comunicar sobre o vírus.
A África do Sul possui 11 línguas oficiais e muito mais dialectos. O Inglês é a quarta língua mais comum, mas as comunicações do governo tipicamente são transmitidas em discursos televisivos em língua inglesa.
África do Sul também faz a disseminação de informação em comunicados online, mas, assim como a televisão, o acesso dos cidadãos à internet é limitado.
Os esforços de comunicação também têm sido prejudicados por causa da corrupção. O escândalo Digital Vibes tornou-se manchete no início deste ano e causou a deposição do ministro sul-africano da saúde, Zweli Mkhize. O seu gabinete desembolsou 150 milhões de rands (10 milhões de dólares) à Digital Vibes, uma empresa de comunicações que estava sob gestão de seus amigos, que apenas foi capaz de justificar 40 milhões de rands (mais de 2,5 milhões de dólares) pagos a fornecedores legítimos.
“O maior problema é que existe um défice de confiança em termos das atitudes das pessoas perante o Estado,” disse o especialista em matérias de comunicações estratégicas, Chris Vick, ao Financial Times. “A Digital Vibes trouxe uma enorme contribuição para este défice de confiança.”
Vick espera desfazer alguns dos danos como o líder da CovidComms SA, uma rede de profissionais do ramo das comunicações que produz informações públicas sobre a pandemia.
Assim como as suas contrapartes governamentais, o objectivo principal da organização é fazer com que os cidadãos levem a COVID-19 a sério e obedeçam às directrizes e as restrições colocadas em vigor para limitar a propagação da doença.
“Estivemos activos desde o 1º Dia, desde o começo do confinamento obrigatório,” disse Vick ao News Channel Africa, da rede e.TV. “Predispusemo-nos fundamentalmente porque estamos preocupados com a capacidade do governo de comunicar, em termos gerais, sobre a COVID-19. A linguagem utilizada era muito científica, muito médica e sempre em Inglês.”
Vick disse que a CovidComms SA produziu material fácil de compreender e de distribuir, em todas as línguas da África do Sul.
“O governo está limitado nos seus recursos bem como na sua capacidade de alcançar mercados segmentados, que é aquilo em que nos concentramos,” disse. A CovidComms SA está a “pensar particularmente nos jovens, pessoas das zonas rurais, pessoas sem acesso à linguagem científica em Inglês que tem sido gerada.”
A CovidComms foi um esforço estritamente voluntário nos seus primeiros 14 meses, antes de receber pouco mais de 257.000 dólares em financiamento do Fundo de Resposta Solidária à COVID-19, da Organização Mundial de Saúde.
“É provavelmente cerca de 2% daquilo que foi concedido à Digital Vibes,” disse.
A rádio é uma outra chave para se alcançar as comunidades não falantes da língua inglesa, de acordo com o locutor da Motsweding FM, Pontsho Pilane, que apresenta um programa sobre saúde em língua Setswana, falada predominantemente na província do Noroeste.
“A lacuna digital da África do Sul é real,” disse ao Financial Times. “A rádio é o principal meio de comunicação na África do Sul.”
A partir da sua estação sediada em Mahikeng, Pilane normalmente alcança cerca de 1,7 milhões de ouvintes por dia. Eles têm muitas perguntas sobre a COVID-19 e poucos canais para perguntar.
“A maior parte das pessoas apenas está com medo porque existe muita informação por aí,” disse.
Vick disse que os governos provinciais começaram a fazer entradas para as comunidades, trabalhando com os líderes tradicionais para realizar encontros em locais abertos assim como irem para as rádios locais para espalhar a palavra sobre as medidas de saúde e reestabelecer a credibilidade e a confiança.
“O envolvimento naquelas conversas está a fazer uma grande diferença,” disse. “Queremos começar a expandir isso, em particular para as zonas rurais.”
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