EQUIPA DA ADF
Aproximadamente 8 milhões de africanos recuperaram da infecção pela COVID-19, dando-lhes uma imunidade natural ao vírus. Mas isso não significa que eles estão permanentemente protegidos de futuras infecções.
Pesquisadores que estudam a COVID-19 afirmam que as pessoas que confiam na sua imunidade natural para a protecção a longo prazo colocam a si próprios em risco de repetidas infecções, potencialmente dentro de apenas três meses depois da sua última infecção, de acordo com um relatório publicado pela revista médica britânica, The Lancet Microbe.
A protecção garantida pela imunidade natural varia amplamente, dependendo do nível dos anticorpos da COVID-19 no sistema imunológico dos pacientes. O estudo refere que, em média, o intervalo é de 16 meses.
De acordo com o estudo, ao 17º mês, os pacientes apresentam 50% de probabilidade de serem infectados. Isso é menos da metade da duração da imunidade natural de outros vírus, como a gripe comum.
“A imunidade tem uma duração relativamente curta,” co-autor do estudo, Jeffrey Townsend, da Escola de Saúde Pública de Yale, disse à revista Nature.
As novas variantes, como a estirpe Delta Plus da COVID-19 que agora se alastra na Europa, fazem com que a imunidade natural seja ainda menos confiável.
“À medida que novas variantes surgem, as respostas imunológicas anteriores ficam menos eficazes para o combate do vírus,” disse o co-autor do estudo, Alex Dornburg, da Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte. “Aqueles que foram infectados de forma natural no início da pandemia apresentam uma maior probabilidade de ficarem infectados novamente num futuro próximo.”
Um estudo separado divulgado em finais de Outubro pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, refere que a imunidade, embora não garanta 100% de protecção contra a infecção, continua no seu pico durante seis meses depois da recuperação. Dados sobre a imunidade da COVID-19 são tão parcos neste momento para determinar com exactidão o quanto os anticorpos de uma pessoa podem baixar antes de perder completamente a imunidade, disse o CDC.
Ainda de acordo com o CDC, as pessoas que dependem da imunidade natural estão vulneráveis à reinfecção, visto que o vírus da COVID-19 muda com o tempo. Cada infecção cria a oportunidade para que novas estirpes mais virulentas evoluam.
Os pesquisadores africanos já identificaram duas novas estirpes, a variante Eta, na Nigéria, e a variante conhecida como C.1.2, na África do Sul, que podem tornar-se potenciais fontes de novas vagas de infecções.
Numa altura em que a variante Delta relaxa o seu impacto no continente, as autoridades de saúde pública e os especialistas em matéria de COVID-19 estão a preparar-se para uma nova vaga de infecções que provavelmente irá coincidir com as festas do final do ano. Com um estudo a estimar que 80% dos sul-africanos estiveram expostos à COVID-19, os especialistas esperam que a próxima vaga seja mais ligeira em comparação com a última.
“Mesmo se assumirmos que não haverá novas variantes, ainda assim iremos ver uma quarta vaga,” disse o professor da Universidade de Witwatersrand, Bruce Mellado, que faz a modelagem do impacto da COVID-19 na província sul-africana de Gauteng, falando à Newzroom Africa. “Garantido está, que não será tão grande quanto a terceira, mas será suficientemente maior para gerar mortalidade em excesso e consultas hospitalares.”