Equipa do Comando Africano dos Estados Unidos
A COVID-19 reduziu o comércio a nível mundial, mas não parou com as intenções criminosas de roubar a riqueza natural de África
Na verdade, alguns caçadores furtivos, madeireiros e criminosos marítimos consideram o vírus como uma oportunidade. Estão a procurar tirar vantagens dos confinamentos obrigatórios e dos desvios de recursos da segurança para expandirem as suas operações.
A grande dimensão dos seus crimes exige uma resposta unificada.
Cerca de 11.000 quilómetros quadrados de floresta tropical da Bacia do Congo são explorados anualmente — na maioria das vezes de forma ilegal — para que a madeira possa ser enviada para o estrangeiro para alimentar a demanda de mobília.
Ao largo da costa da África Ocidental, frotas de arrastões estrangeiros estão a recolher peixe e a dizimar os recursos de que as comunidades dependem por gerações. De acordo com uma estimativa, anualmente, a pesca ilegal lesa a África Ocidental em 2,3 bilhões de dólares.
Pelo continente, os caçadores furtivos estão a destruir as populações de rinocerontes, elefantes, pangolins e outros animais para suprir ingredientes para as afirmações não comprovadas da medicina tradicional chinesa. Estes caçadores furtivos põem em perigo a rica biodiversidade do continente e a sua indústria de turismo da fauna bravia que rende 29 bilhões de dólares por ano.
Embora o problema seja de grandes dimensões, as novas tecnologias podem dar às forças de segurança uma vantagem. A inteligência artificial e a aprendizagem automática têm o potencial de fazer com que a vigilância seja mais eficaz do que nunca. Pequenas câmaras podem ser programadas para identificar caçadores furtivos e veículos suspeitos no momento em que entram nas reservas de caça. Os funcionários das alfândegas podem utilizar programas de aprendizagem automática para ajudar a identificar cargas suspeitas e focalizar as suas inspecções na descoberta de carregamentos de produtos ilegais provenientes da vida selvagem. Na Bacia do Congo, sistemas de alerta baseados em radares rastreiam operações de exploração ilegal de madeira para que as forças de segurança as possam desmantelar.
Resolver estes problemas não será fácil. Será necessário atacar os fluxos financeiros que possibilitam o tráfico, processando os cabecilhas poderosos, vigiando as rotas e exigindo o cumprimento da lei nas fronteiras. O tráfico é um problema global, mas existe a vontade para desmantelar estas redes. Se as forças de segurança puderem fazer alianças com outros países, com o sector privado e com as organizações não-governamentais, o continente pode emergir da COVID-19 com uma ênfase renovada na protecção dos recursos naturais para as gerações vindouras.
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