COVID-19 Afecta Negativamente a Capacitação dos Jovens
EQUIPA DA ADF
Na era da COVID-19, muitos jovens africanos estão a ter dificuldades de encontrar emprego ou de terem opções de ensino.
De acordo com as Nações Unidas, África tem a população mais jovem do mundo e espera-se que esta continue a crescer. Mas devido à pandemia, o crescimento económico e os novos empregos que vêm com ele não estão a seguir o ritmo.
“Sempre caracterizamos os números do desemprego entre os jovens como uma pandemia por si própria,” disse Nonceba Mhlauli, coordenadora da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano, durante um painel de debate na Newzroom Afrika TV.
“Queremos ver o tipo de resposta drástica que vimos com a pandemia da COVID-19,” disse. “A maior preocupação neste momento é de que na realidade temos uma coorte de jovens que saem da faixa de juventude sem terem na verdade tido algum tipo de emprego. Não possuem quaisquer bens, nenhuma poupança para a aposentação e a longo prazo irão tornar-se mais dependentes do Estado para a sua segurança social.”
Resultados preliminares de uma nova pesquisa de 4.500 africanos em 15 países, com idades compreendidas entre os 18 e 24 anos, revelam a dimensão do impacto que a pandemia causou nos jovens.
Mais de metade dos respondentes do Inquérito aos Jovens Africanos 2021 disseram que tinham perdido emprego ou que tinham interrompido os seus estudos por causa da pandemia.
Os resultados demonstraram que:
- 37% foram obrigados a parar ou interromper os seus estudos.
- 19% ficaram desempregados.
- Outros 8% sofreram cortes salariais.
- 18% tiveram de regressar a casa.
- 10% tiveram de cuidar de membros da família.
A Fundação da Família Ichikowitz, com sede em Joanesburgo, encomendou o inquérito, que agora vai no seu segundo ano. A fundação partilhou os resultados preliminares no dia 3 de Setembro.
“Embora a juventude africana já venha historicamente enfrentando graves problemas de desemprego, as suas perspectivas futuras foram dramaticamente agravadas pelo vírus da COVID-19,” disse Ivor Ichikowitz, num comunicado de imprensa. “Mais de metade da nossa próxima geração informou, no nosso inquérito, que precisam de recompor as suas vidas como resultado do impacto da pandemia.”
Dezenas de milhares de africanos não frequentam a escola. Somente na África Oriental e Austral, o UNICEF reporta que 70 milhões de jovens actualmente estão fora da escola. Especialistas receiam que a COVID-19 venha a causar uma “Geração Perdida” em África.
Antes da pandemia, aproximadamente 90% das crianças de 10 anos de idade, na África Subsaariana, não eram capazes de ler e compreender textos simples, de acordo com o Banco Mundial.
Quando os jovens param ou interrompem os seus estudos, o desemprego e a pobreza geralmente seguem.
“Cerca de 600.000 jovens graduam em instituições terciárias do país anualmente, dos quais somente 200.000 conseguiram ter emprego,” lê-se no editorial de 17 de Setembro do jornal nigeriano, The Guardian. “Os restantes deambulam pelas ruas, abertos para o recrutamento no mundo do crime.”
Com 60% da sua população com menos de 25 anos de idade, África é o continente mais jovem do mundo. Até 2030, projecta-se que os jovens africanos perfaçam 42% dos jovens do mundo — números da população que destacam a importância da criação de empregos.
Mas com a juventude existe energia e entusiamo.
O ecologista queniano, Kevin Lunzalu, de 28 anos de idade, considera a pandemia um “botão para o recomeço” e acredita que os jovens africanos representam esperança na forma de mão-de-obra do futuro que pode liderar o continente na construção de uma economia pós-COVID vibrante.
Numa publicação no bloq de 16 de Setembro, ele apelou a que os governos capacitassem os seus jovens, apoiando jovens empreendedores, tornando o ensino de qualidade acessível, criando oportunidades de emprego para graduados e adoptando infra-estruturas tecnológicas modernas.
“O acesso a centros de inovação de jovens pode incubar, acelerar e atrair financiamentos para implementar ideias originais,” escreveu. “Iria também acelerar a resposta aos desafios socioeconómicos existentes, criar a resiliência dos países, capacitar os jovens economicamente e melhorar a preparação de África para futuras perturbações.”
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