Líderes em Saúde Pública Reforçam a Testagem para Evitar Futuras Vagas de COVID-19

EQUIPA DA ADF

Desde o início da pandemia global, os países africanos já realizaram 72 milhões de testes da COVID-19. Aos olhos dos especialistas em matéria de saúde pública, isso não se aproxima daquilo que é suficiente para impedir que uma outra vaga de infecções assole o continente.

Enquanto a actual vaga de infecções — a terceira para a maior parte dos países, a quarta para alguns — começa a regredir, o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças e os escritórios regionais da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África planificam intensificar a testagem em todo o continente. Ao expandir a vigilância da doença, os líderes de saúde pública esperam identificar uma potencial nova vaga e eliminá-la antes de ela ganhar força.

“A centralidade da boa saúde pública é a vigilância,” Dr. John Nkengasong, director do Africa CDC disse durante uma recente entrevista. “Nós realmente precisamos de voltar a encorajar a vigilância como uma ferramenta importante para combater a pandemia.”

Nos primeiros meses em que a variante Delta inundou o continente, os pesquisadores identificaram as variantes Eta e C.1.2 como tendo o potencial para causar uma outra vaga de infecções.

Até agora, ambas foram dominadas pela mais transmissível variante Delta, mas estão a propagar-se. A variante Eta está presente em vários países da África Ocidental. A variante C.1.2 está concentrada na África Austral.

Não está claro qual das duas variantes é mais transmissível ou mortal do que as que as precederam.

“Temos de ter em mente que estes são dados ainda muito preliminares,” disse o Dr. Alan Christoffels, director do Instituto Nacional de Bioinformática da África do Sul.

Com a propagação da COVID-19 a continuar, o controlo de novas variantes no seio da população precisa de ser uma actividade contínua, disse Nkengasong. Os testes precisam de deixar de ser apenas para os viajantes para alcançar também os que são assintomáticos, acrescentou.

“Será um desafio,” disse. “Mas estamos numa situação difícil. Temos de utilizar tudo.”

Interromper uma futura vaga da COVID-19 requer mais testes, seguidos de isolamento para aqueles que testarem positivo. Nkengasong disse que o plano é de enviar testes rápidos de antigénio para que sejam feitas avaliações mais abrangentes. Os testes são portáteis e simples de utilizar, fazendo com que sejam uma parte fundamental da vigilância nas zonas rurais, disse.

Os testes de antigénio, que detectam marcas do vírus da COVID-19, geralmente produzem resultados em cerca de 15 minutos. Mas eles também são menos precisos em comparação com os testes laboratoriais PCR, que lêem o código genético do vírus. Os testes PCR, contudo, podem levar dias para produzir resultados, fazendo com que sejam menos úteis para o tipo de vigilância em massa que as autoridades de saúde pública pretendem realizar.

Para ajudar a expandir a vigilância, os escritórios regionais da OMS para África estão a investir 4,5 milhões de dólares para desenvolver um Centro de Excelência em Testagem Genómica, na Cidade do Cabo, África do Sul, para identificar estirpes virais que representam um risco. África representa apenas 1% dos mais de 3 milhões de sequências de COVID-19 realizadas a nível mundial.

“Saber que variante está a circular e onde é muito importante para informar operações eficazes de resposta,” disse a directora da OMS para África, Dra. Matshidiso Moeti. “Por isso, esta iniciativa de vanguarda visa, em primeira instância, apoiar 14 países da África Austral para aumentarem o seu sequenciamento genómico em até quinze vezes mais por mês.”

Nkengasong disse que a pandemia fez-nos compreender o facto de que os países africanos precisam de criar as suas agências semelhantes ao CDC para conduzirem a vigilância e a resposta a emergências de saúde pública.

“Já não é um conceito teórico que devemos investir nos nossos sistemas de saúde,” disse Nkengasong. “Estas são algumas das áreas-chave que desafiam os países e devemos investir nesse espaço.”

Aproximadamente 12% dos testes de COVID-19 de África apresentam resultado positivo, uma taxa que é mais do que o dobro daquela que é o ponto onde a OMS recomenda confinamentos obrigatórios completos da sociedade. Contudo, os líderes africanos demonstram pouco interesse em repetir as medidas extremas que adoptaram no início da pandemia.

Em parte por essa razão, Nkengasong, Moeti e outros especialistas africanos em saúde pública continuam a encorajar as pessoas a usarem as máscaras, a praticarem a lavagem das mãos e a manterem o distanciamento social para reduzir as oportunidades de propagação do vírus.

Mas com a fadiga da pandemia a prejudicar esses esforços, os especialistas receiam que uma outra vaga mortal de infecções esteja a aproximar-se durante o período festivo.

“Com as viagens do final do ano e as celebrações da quadra festiva à vista, podem-se esperar novos aumentos nos números de casos nos próximos meses,” disse Benido Impouma, director do Grupo de Doenças Transmissíveis e Não-Transmissíveis da OMS para África.

Comentários estão fechados.