EQUIPA DA ADF
Agastados com o facto de os arrastões estrangeiros os privarem continuamente de alimentos e rendimentos, os pescadores artesanais do Gana estão a utilizar um novo aplicativo para smartphones a fim de detectar e denunciar a pesca ilegal.
O aplicativo chama-se Dase, que significa “provas” em Fante, uma língua local. Foi desenvolvido recentemente pela Fundação para a Justiça Ambiental, uma organização não-governamental que trabalha para combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada na África Ocidental.
Mais de 100.000 pescadores e 11.000 canoas operam em Gana, de acordo com Steve Trent, director-executivo da fundação. O aplicativo também está a ser desenvolvido para ser utilizado na Libéria e na Serra Leoa.
No Gana, a “pesca marítima é a base de sustento de mais de 2,7 milhões de pessoas — quase 10% da população — e mais de 200 vilas costeiras dependem da pesca como a sua fonte primária de rendimento,” disse Trent à ADF num e-mail. “Contudo, as unidades populacionais de peixe estão a registar um declínio acentuado, impulsionado, na sua maioria, pela pesca ilegal generalizada praticada por arrastões industriais de proprietários chineses.”
Quando um arrastão é suspeito de praticar a pesca ilegal, um pescador artesanal pode abrir o aplicativo e fotografar a embarcação — incluindo o seu nome e número de identificação — para gravar a localização. O aplicativo faz o upload da denúncia numa base de dados que as autoridades podem utilizar para apanhar e penalizar os prevaricadores.
A fundação divulgou o aplicativo em Novembro de 2020 e pretende encorajar os pescadores artesanais a utilizá-lo de forma regular.
Nos passados 15 anos, os pescadores ganeses experimentaram uma queda de 40% no rendimento médio anual por canoa artesanal, de acordo com a fundação.
Frederick Bortey é um dos muitos pescadores ganeses que querem que o governo passe a banir os arrastões industriais ilegais. “Os meus filhos não estão a ter dinheiro para poderem ir à escola,” Bortey disse à Voz da América. “Por isso, é muito doloroso o facto de estarmos a falar sobre isso. Podem tentar expulsar essas pessoas por nós. Gostaríamos que isso acontecesse, para que possamos pescar, também, no nosso próprio país.”