‘Trusted Travel’ Considerado o Futuro das Viagens

EQUIPA DA ADF

Quando a COVID-19 apareceu pela primeira vez, mais de 18 meses atrás, as viagens transfronteiriças tornaram-se o factor fundamental que transformou um surto do centro da China numa pandemia que atingiu todos os cantos do mundo. As viagens internacionais continuam a ajudar as variantes do vírus a propagarem-se de país para país.

A União Africana, em parceria com o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), pretende cortar as asas da COVID-19 e os futuros surtos de doenças com recurso a Trusted Travel. Este programa voluntario foi concebido para manter os utilizadores actualizados quanto a restrições relacionadas com a saúde enquanto viajam e para fornecer documentação possível de confirmar e mutualmente aceite relacionada com o seu estado de COVID-19 — quer seja resultado de teste negativo ou vacinação. O Trusted Travel também ajuda a acabar com a falsificação de documentos de saúde.

O programa, que é potenciado pelo aplicativo PanaBIOS, foi lançado em Outubro de 2020. Até agora, pelo menos 16 dos 55 Estados-membros da União Africana aderiram ao Trusted Travel. O Zimbabwe tornou-se o mais recente país a aderir no dia 1 de Agosto.

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O programa também conta com laboratórios de testagem da COVID-19 e quatro linhas aéreas como suas parceiras.

“O Trusted Travel, do Africa CDC, é o futuro de todas as viagens em África,” Dr. John Nkengasong, director do Africa CDC, publicou no Twitter, em Março, quando a ASKY Airlines, sediada no Togo, e a Ethiopian Airlines aderiram ao programa. A Kenya Airways e a EgyptAir também participam.

De acordo com Mohammed Abdulaziz, director de vigilância de doenças do Africa DCD, o Trusted Travel faz parte de um projecto maior da União Africana de mobilizar o sector privado e grupos não-governamentais para interromperem futuros surtos de doenças antes de se tornarem epidemias ou pandemias.

O Trusted Travel já inclui informação do estado do utilizador em relação à vacinação contra a Febre-amarela. Os defensores consideram o Trusted Travel como a ferramenta que irá reduzir a transmissão de outras doenças, incluindo o Ébola e a Febre de Lassa.

O Quénia foi o primeiro país a adoptar o Trusted Travel, em Janeiro. Os visitantes que viajam para o Quénia, utilizando o Trusted Travel, devem:

  • Possuir um teste negativo para a COVID-19, utilizando testes moleculares RT-qPCR, pelo menos 96 horas antes da viagem. Os resultados devem ser confirmados através do Trusted Travel.
  • Preencher um inquérito online de saúde e mostrar o código QR recebido às autoridades na altura da chegada.
  • Exibir o comprovativo de vacinação contra a Febre-amarela e vestir máscaras em público, excepto quando estiver a tomar as refeições ou em situações em que se encontra socialmente distanciado.

O Africa CDC afirma que o programa irá ajudar a evitar agitações económicas associadas com os confinamentos obrigatórios enquanto também minimiza a propagação da COVID-19 — um factor cada vez mais importante numa altura em que a África cria a sua própria zona de comércio livre continental.

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“Encorajamos o uso de ferramentas digitais como o programa Trusted Travel para salvaguardar a saúde pública,” disse o Director-Geral da Organização Mundial de Saúde, Dr. Tedros Adhanomm Ghebreyesus, que é originário da Etiópia. “Mas devemos ter o cuidado de certificar que eles não se tornem outro motivo para que algumas pessoas sejam deixadas para trás.”

Apesar de Nkengasong ter elogiado o Trusted Travel, também tem sido franco posicionando-se contra a ideia de fazer com que seja obrigatório ter passaportes da vacina para viajar enquanto muitos países ainda têm dificuldades para obter e administrar as vacinas. Menos de 2% dos 1,3 bilhões de habitantes de África encontram-se totalmente vacinados contra a COVID-19.

“O nosso ponto de vista é muito simples. Qualquer imposição de passaporte de vacinação criará enormes desigualdades e irá exacerbá-las ainda mais,” disse Nkengasong numa conferência de imprensa sobre a COVID-19, em Abril.

Tedros disse, numa reunião de ministros de saúde africanos, em Maio, que uma inovação tecnológica como o Trusted Travel é uma forma através da qual a pandemia da COVID-19 pode ter um efeito positivo no continente.

“Devemos todos aprender as lições que a pandemia está a ensinar-nos e fazermos tudo o que pudermos para estarmos preparados para prevenir, detectar e responder de forma rápida a futuras epidemias e pandemias,” disse Tedros.

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