Um novo concurso apela os programadores informáticos a combaterem a pesca ilegal.
O Departamento de Defesa dos EUA e a organização não governamental, Global Fishing Watch, lançaram recentemente um concurso designado xView3 AI para engenheiros informáticos que podem utilizar a inteligência artificial (IA) para ajudar a rastrear embarcações envolvidas na pesca ilegal.
Os vencedores devem ser capazes de seguir as embarcações de pesca que desligam os seus sistemas de identificação automática — uma prática conhecida como “navegar às escuras” — utilizando radares espaciais de abertura sintética (SAR). A tecnologia pode detectar objectos reflectidos em radares, como arrastões industriais de pesca nos mares, independentemente de haver ou não nuvens espessas e sistemas de controlo de temperatura.
O concurso xView3 AI começou em Agosto e espera-se que termine em inícios de 2022. Utilizando imagens de SAR, os concorrentes devem prever de forma exacta a latitude e a longitude da embarcação assim como o tipo, o comprimento, a velocidade e a direcção da mesma. Os programadores com melhores algoritmos irão partilhar um prémio de 150.000 dólares.
Os vencedores também podem ajudar a transformar a luta contra a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), que lesa os países africanos em aproximadamente 10 bilhões de dólares anualmente, de acordo com a Ocean Science Foundation.
“A pesca INN coloca em perigo a soberania do país, ameaça a sua segurança económica e enfraquece a ordem global gerida com base nas regras,” disse o Vice-Administrador, Scott Buschman, comandante-adjunto de operações da Guarda Costeira dos EUA, num comunicado de imprensa sobre o concurso. “Os Estados Unidos podem fornecer liderança global para combater a pesca INN através da criação de parcerias e redes de colaboração duradouras. Os nossos esforços colectivos começam com a conscientização do domínio marítimo.”
A pesca ilegal tem sido um flagelo durante décadas na África Ocidental, danificando os ecossistemas e o meio ambiente enquanto ameaça os meios de subsistência dos pescadores artesanais e desvia as receitas dos governos locais.
Em toda a região, 37 espécies de peixe agora são classificadas como estando em “perigo de extinção.” Entre Angola e Mauritânia, 14 outras estão quase que ameaçadas, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza.
Os países desenvolvidos da região oeste do Oceano Índico, incluindo aqueles que se localizam na África Oriental, perdem cerca de 1 bilhão de dólares por ano para a pesca ilegal, de acordo com a Sea Shepherd Global, que trabalha com vários países africanos para combater a pesca ilegal.
“Podemos ajudar a eliminar a pesca ilegal fazendo com que as melhores soluções sejam abertas e aplicando-as num conjunto de dados globais e gratuitos que possibilita que outros actores também se beneficiem destas ferramentas altamente escaláveis,” Paul Woods, director-executivo de inovações na Global Fishing Watch, disse num comunicado de imprensa. “Quanto mais existirem pessoas que podem utilizar estas ferramentas, mais rápido poderemos reduzir a possibilidade de maus actores poderem operar no nosso oceano.”
Os concursos anteriores produziram um algoritmo de detecção de danos causados por calamidades naturais, o qual foi utilizado para orientar as respostas à emergência nos incêndios de 2019-20, na Austrália, na época de incêndios de 2020, na Califórnia, e na época de furacões do ano passado, nos EUA.
“O nosso objectivo com esta série de desafios é atrair novas ideias para alguns dos problemas de segurança globais mais importantes assim como colocar as novas soluções operacionais em vigor numa velocidade relevante,” Michael Brown, director da Unidade de Inovações, do Departamento de Defesa dos EUA, disse num comunicado de imprensa.