EQUIPA DA ADF
O Instituto Pasteur de Dakar, Senegal, começará a produzir vacinas contra a COVID-19, em 2022, nos termos de um acordo que o presidente Macky Sall assinou com a empresa beninense de biotecnologia, Univercells SA.
O acordo irá reforçar a capacidade de África de produzir vacinas para os seus 1,3 bilhões de habitantes. Os países africanos actualmente importam 99% das suas vacinas.
As importações de vacinas contra a COVID-19 foram interrompidas no mês passado quando a Índia, a maior fonte das vacinas, paralisou as exportações para combater o seu próprio surto devastador. Essa paralisação deixou muitos países africanos com suprimentos de vacinas a diminuir, numa altura em que as variantes da doença, incluindo a que apareceu primeiro na Índia, continuavam a propagar-se. Até meados de Junho, África tinha registado mais de 5 milhões de casos e mais de 135.000 mortes.
O acordo requer que o Instituto Pasteur produza vacinas de vector viral que a Univercells está a desenvolver e que serão semelhantes à vacina que a Johnson & Johnson está a produzir com a Aspen Pharmacare, da África do Sul. Uma vacina de vector viral utiliza uma versão modificada de um vírus inofensivo para transmitir informação para o corpo poder criar imunidade contra a COVID-19.
O instituto começará por embalar e distribuir vacinas produzidas na Bélgica. A Univercells irá transferir a sua fábrica para o Senegal na segunda metade de 2022 e treinar os profissionais locais a fazerem o trabalho.
A meta é produzir 300 milhões de doses de vacina até ao final do próximo ano.
“A pandemia da COVID-19, assim como o surgimento de novas variantes, destacou a importância de [um] fornecimento dedicado de produtos sanitários necessários,” responsáveis da Univercells disseram num comunicado que anunciava o acordo. “Esperamos que esta colaboração seja um marco importante na relação entre a nossa organização e os países africanos”.
Fundado em 1896, o Instituto Pasteur de Dakar é a única organização no continente que produz vacinas — para a febre-amarela — que satisfaz os padrões da Organização Mundial de Saúde. Satisfazendo os padrões da OMS, o instituto estará autorizado a produzir vacinas para a distribuição pela UNICEF e outras organizações internacionais de ajuda, que desempenharam um papel fundamental para levar as vacinas contra a COVID-19 aos africanos.
O Instituto Pasteur também desenvolveu o primeiro teste da COVID-19 de baixo custo do continente no início da pandemia.
A tecnologia de produção de vacinas fornecida pela Univercells também criará o potencial para a produção de outras vacinas no Senegal quando a pandemia da COVID-19 terminar.
Amadou Sall, director do instituto, disse que este está a trabalhar para garantir um financiamento inicial de 10 milhões de dólares para o projecto.
“Existe muita vontade política, estou optimista,” disse Sall à Reuters.