Cimeira Internacional Aborda a Pirataria do Golfo da Guiné

EQUIPA DA ADF

Uma lancha transportando oito piratas aproximou-se de uma embarcação ganense a 105 quilómetros ao largo da cidade portuária de Tema.

Os cinco piratas dispararam contra a embarcação ganense antes de entrarem a bordo da mesma, dirigirem a embarcação para mais distante em direcção ao sul e raptarem cinco membros da tripulação, de acordo com um relatório da Dryad Global, que cobre matérias relacionadas com a segurança marítima. O incidente de Maio aumentou o número de raptos no Golfo da Guiné para 56 durante os cinco incidentes ocorridos em 2021.

Também destacou um motivo pelo qual os membros da Marinha Nigeriana, do Centro Internacional de Formação para a Manutenção da Paz Kofi Annan (KAIPTC), em Gana, do governo dinamarquês e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento se tinham reunido em Maio para uma cimeira de cinco dias, em Lagos, Nigéria, com vista a debater formas através das quais se pode fortalecer a segurança marítima no Golfo da Guiné.

A informação partilhada na conferência foi recolhida durante um projecto da KAIPTC de três anos, que se focalizava no melhoramento da segurança marítima regional. A cimeira foi concebida com a contribuição de “especialistas em matérias de segurança marítima na sub-região e reflecte as mais actuais realidades do terreno,” Major-General Francis Ofori, comandante da KAIPTC, disse numa reportagem da página da internet nigeriana, thisdaylive.com

Durante décadas, a região registou um aumento na criminalidade marítima incluindo a pirataria, o contrabando de armas e de drogas e a pesca ilegal, não reportada e não regulamentada (INN). Os piratas atacam com mais frequência nos lugares onde ocorre a pesca INN, de acordo com um estudo publicado pela PLOS One, uma revista científica especializada.

No primeiro trimestre de 2021, o Golfo da Guiné representou 43% de todos os incidentes de pirataria ocorridos na região africana, de acordo com o Gabinete Marítimo Internacional (IMB, sigla inglesa). Nessa altura, 38 incidentes foram registados no Golfo da Guiné, incluindo 33 embarcações abordadas, duas tentativas de ataque e um barco sequestrado. Os ataques tiveram como alvo navios de carga, embarcações de pesca e barcos de passageiros.

Em 2020, o Golfo da Guiné representou mais de 95% de todos os sequestros marítimos a nível do mundo, de acordo com o gabinete.

O fortalecimento da segurança marítima no Golfo da Guiné é a chave para o melhoramento do crescimento económico para a região, porque a maior parte do comércio ocorre por via marítima, disse o embaixador da Dinamarca na Nigéria, Jesper Kamp, na cimeira.

“Actualmente, vários países estão a investir de forma exaustiva em portos e em infra-estruturas,” disse Kamp numa reportagem da thisdaylive.com. “Nigéria, Benin, Togo, Gana e Costa do Marfim, entre outros, têm objectivos ambiciosos de aumentar a capacidade do comércio de origem marítima nos próximos 5 a 10 anos. Isto é necessário para apoiar os mercados da África Ocidental que estão em rápido crescimento.”

Ofori, o comandante do centro Annan, atribuiu a culpa à instabilidade contínua na Líbia pelos ataques marítimos cada vez mais sofisticados na região.

“Qualquer um que acompanha a situação que ocorre na Líbia sabe que existe uma proliferação de armas no Sahel como resultado da instabilidade na Líbia,” disse Ofori ao jornal nigeriano, The Nation. “Logo que estas armas encontrarem espaço no Sahel, definitivamente encontrarão espaço na região africana da subzona ocidental, ao longo dos Estados do litoral — Gana, República do Benin, Nigéria, Camarões e os países que se localizam ao longo da costa.”

O Contra-Almirante da Marinha Nigeriana, Monday Kohwo Unurhiere, frisou a necessidade de uma forte cooperação em matérias de segurança na região.

“Também exige integração de capacidades, doutrina e interoperabilidade,” disse Unurhiere à The Nation. “A magnitude da maioria dos crimes marítimos e as interligações entre eles, aliados à diversidade de impactos que estes produzem, necessita de apelos para respostas estruturadas de forma operativa para combinar as nossas capacidades de resposta com as crescentes taxas de criminalidade.”

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