Discrepância na Testagem da COVID-19 em África

EQUIPA DA ADF

O número de infecções pela covid-19 em África é provavelmente muito maior do que o comunicado devido às baixas taxas de testagem em todo o continente.

As descobertas de Maio, da Organização Mundial de Saúde (OMS), sugerem que as baixas taxas de testagens, a falta de adesão às medidas de saúde pública e os grandes aglomerados das manifestações políticas nos países como Benin, Costa do Marfim, Guiné e Quénia, causaram a subida no número de infecções.

Especialistas em saúde pública caracterizam as testagens como uma pedra angular para as respostas dos países à COVID-19, que dependem, na sua maioria, da contagem do número de casos.

As baixas taxas de testagem causaram preocupação numa altura em que os aumentos devastadores de casos da COVID-19 na Índia e em outros países sugere que a pandemia está muito longe de ter acabado em África, de acordo com a Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África.

As novas infecções em África “ainda não estão a ser detectadas entre os contactos conhecidos,” disse Moeti, de acordo com a Agência Anadolu. “As investigações de grupos de casos e o rastreamento de contactos estão assustadoramente baixos na maior parte dos países da região. Devemos aumentar as testagens, incluindo o uso de testes de diagnóstico rápido, para melhorar as respostas à pandemia.”

A OMS comunicou que 31, dos 46 países analisados, tiveram um desempenho inferior a 10 testes por cada 10.000 pessoas por semana em Abril, muito abaixo da meta da taxa de testagem do continente.

As baixas taxas de testagem podem ser atribuídas ao acesso limitado às instalações de prestação de cuidados de saúde, especialmente nas zonas assolados pela violência. As pessoas deslocadas pela guerra, muitas vezes, procuram refúgio em países vizinhos, aumentando a possibilidade de propagação da doença, mesmo com as fronteiras oficialmente encerradas.

As campanhas de desinformação contra a COVID-19 em África também causaram o cepticismo em relação ao vírus, que persuade algumas pessoas a evitarem ser testadas, receber vacinas e praticar as medidas preventivas, tais como o uso de máscara e o distanciamento social.

Mesmo assim, algumas áreas em África estão a fazer progressos nos seus esforços de testagem.

Em Moçambique, onde a violência extremista devastou certas zonas costeiras, a Universidade de Saskatchewan, doo Canadá, ajudou a instalar o primeiro laboratório de testagem da COVID-19 na província de Inhambane, no início de Maio. Anteriormente, os testes tinham de ser enviados para a capital, Maputo, para a obtenção de resultados, que, muitas vezes, demoravam duas semanas para processar. Agora os resultados ficam disponíveis num dia.

As estatísticas demonstram taxas de infecção pela COVID-19 relativamente baixas em Moçambique, mas isso é, pelo menos em parte, devido à falta de testagens, Dra. Jessie Forsyth, pesquisadora da Universidade de Saskatchewan e líder do projecto de testagem, disse à Canadian Broadcasting Corp. (CBC). O novo laboratório também pode testar tuberculose e outras doenças e irá continuar aberto depois da pandemia.

O novo laboratório é “uma peça importante capaz de rastrear aquilo que está a acontecer e planificar melhor,” disse Forsyth à CBC.

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