Segunda Vaga Traz Esperança, Medo e um Marco Sombrio
EQUIPA DA ADF
Dois dias, em meados de Fevereiro, exemplificam os altos e baixos da luta de África contra a pandemia da COVID-19.
Pouco depois de os ministros de saúde e os líderes globais terem anunciado a rápida implementação do maior programa de imunização do continente, as mortes pela COVID-19 em África ultrapassaram 100.000.
Foi um triste lembrete do número trágico de mortes que a doença já causou.
“14 de Fevereiro marca um ano desde que o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado em África,” lembrou a Directora Regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, Matsidiso Moeti, numa conferência de imprensa do dia 11 de Fevereiro. “O aumento no número de mortes pela COVID-19 é um alerta trágico de que os profissionais de saúde e os sistemas de saúde, em muitos países, estão sobrecarregados de forma perigosa.”
Novas variantes mais contagiosas estão a motivar o aumento nas taxas de mortalidade.
A variante B.1.351, identificada inicialmente na África do Sul, foi encontrada em pelo menos nove países do continente e a variante B.1.1.7, do Reino Unido, foi encontrada em pelo menos seis países africanos.
A África do Sul, sem dúvida, o país mais afectado, com mais de 50.000 mortes, está a mobilizar a maior campanha de vacinação do continente.
O presidente Cyril Ramaphosa disse, numa comunicação pela televisão, no dia 1 de Março, que mais de 67.000 profissionais de saúde foram vacinados nos primeiros 10 dias do primeiro estágio do programa.
Mas o Ministro de Saúde da África do Sul, Zweli Mkhize, alertou que a queda no número de casos seguido de relaxamento das restrições está a causar um aumento no número de casos.
“Todos estamos preocupados com a possibilidade de uma terceira vaga ou de um ressurgimento depois da Páscoa,” disse durante um debate sobre a vacina.
Em todo o continente, está a decorrer a mesma corrida para combater o aumento significativo das infecções através das vacinas.
COVAX, a iniciativa global que pretende fazer a entrega de quase 2 bilhões de doses gratuitas a mais de 140 países de baixa e média renda até finais de 2021, fez as suas primeiras entregas ao Gana e à Costa do Marfim, nos dias 24 e 26 de Fevereiro, respectivamente.
Trinta e cinco dos 54 países da África são elegíveis para participar no programa.
Em outros desenvolvimentos:
- Nigéria: O país com o maior número de habitantes de África recebeu aproximadamente 4 milhões de doses da COVAX, no dia 2 de Março, em meio a preocupações de que muitas infecções não foram detectadas. Um estudo recente de anticorpos da COVID-19 estimou que 4 milhões de pessoas tiveram o vírus somente no Estado de Lagos — mais do que os casos confirmados no continente inteiro.
- Somália: No dia 1 de Março, o presidente do Município de Mogadíscio fez com que o uso de máscaras fosse obrigatório em público, quando o número de casos do país subiu de abaixo de 5.000, em Janeiro, para mais de 7.300, em Fevereiro.
- Zimbabwe: O país enfrentou dificuldades quando os hospitais públicos e privados ficaram superlotados de casos de COVID-19, em Fevereiro. Enquanto o país se encontra na sua pior crise económica em décadas, uma carência de terapêuticos, oxigénio e ventiladores está a causar registos de mortes nas comunidades.
No dia 2 de Março, a COVAX também fez a entrega de 1,7 milhões de doses à República Democrática do Congo, 600.000 doses a Angola e 37.000 à Gâmbia.
As vacinas salvam vidas e trazem esperança, mas o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que a batalha para acabar com a pandemia ainda tem um longo percurso pela frente.
“Se os países dependerem apenas das vacinas, estarão a cometer um erro,” disse numa conferência de imprensa do dia 1 de Março. “As medidas básicas de saúde pública continuam a ser a fundação da resposta.
“Esta é uma crise global que requer uma resposta consistente e coordenada.”
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