Presidente Nigerino Vence Prémio Mo Ibrahim

EQUIPA DA ADF

 É um prémio de 5 milhões de dólares e as regras são muito simples. Para se qualificar, a única coisa que o político deve fazer é deixar de exercer as suas funções no final do seu mandato e ter demonstrado qualidades de liderança excepcionais. Parece que é muito simples e directo, mas raramente tem sido assim nos últimos 60 anos no continente africano.

No dia 8 de Março, o presidente nigerino, Mahamadou Issoufou, foi galardoado com o Prémio Mo Ibrahim de Excelência. Ele tornou-se apenas o sexto Chefe de Estado cessante que ganhou o prémio desde que este foi criado, em 2007, por Ibrahim, um bilionário sudanês.

Um antigo vencedor do prémio, Festus Mogae, do Botswana, elogiou Issoufou por guiar o país para o “caminho do progresso.”

“Hoje, o número de nigerinos que vivem abaixo do limiar da pobreza diminuiu para 40%, de 48% há uma década,” disse Mogae num comunicado. “Embora os desafios continuem, Issoufou manteve a sua promessa feita ao povo nigerino e preparou o caminho para um futuro melhor.”

Eleito em 2011, Issoufou serviu por dois mandatos consecutivos. O seu sucessor, Mohamed Bazoum, venceu as eleições numa segunda volta, em Fevereiro, e irá tomar posse em Abril. Isso irá marcar a primeira transição pacífica de poder entre presidentes eleitos no Níger desde que o país se tornou independente em 1960.

Quando questionado por que escolheu não fazer emendas à Constituição e concorrer para um terceiro mandato, tal como fizeram outros líderes africanos, Issoufou disse que queria honrar a sua palavra e seguir a Constituição do país.

“Eu respeito a Constituição e respeito a promessa que fiz ao povo nigerino,” disse à BBC. “A decisão está em linha com as minhas convicções e a minha visão para o que deve ser o futuro democrático do Níger .”

O Níger ainda se encontra entre os últimos lugares em muitos indicadores globais de saúde e economia. Enfrenta muitos desafios, incluindo o aumento da desertificação e a insegurança alimentar. Também possui uma das populações mais jovens e de crescimento mais rápido do mundo.

Mesmo assim, nestes últimos anos, o país obteve ganhos em medidas sanitárias fundamentais. No seu “Relatório do Fim da Infância”, de 2019, o grupo Save the Children descobriu que o Níger fez o maior progresso do que qualquer país do planeta na melhoria da vida das crianças durante a década passada. Isso incluiu reduzir a taxa de mortalidade de menores de 5 anos de idade em 62% e ter acima do dobro de taxas de inscrição escolar.

Outros desafios foram mais difíceis de enfrentar. O país tem sido assolado pelo extremismo com mortes causadas pelo conflito armado a duplicarem entre 2018 e 2019 e continuando num nível historicamente elevado em 2020 com 1.046 mortes. Em esforços para a melhoria da segurança, o Níger desempenha um papel activo nos esforços de duas operações regionais: a Força Conjunta G5 do Sahel, que opera em cinco países da região saheliana, e a Força-tarefa Conjunta Multinacional, que opera na Bacia do Lago Chade.

“Se tenho algo de que me arrependo, é de que infelizmente ainda somos vítimas dos ataques terroristas. Mas eu gostaria de enfatizar que não existem focos de terrorismo no Níger,” disse Issoufou. “O terrorismo vem dos países vizinhos para nos atacar. E quando olhamos para o que foi feito mesmo a este respeito, foi marcante .”

Falando sobre o prémio, Issoufou destacou que existe “vida depois do poder” e disse que tem planos de criar uma fundação para promover os valores da democracia, paz e pan-africanismo.

“Estou cheio de um sentimento de orgulho,” disse Issoufou. “Sinto-me honrado e, através de mim, é todo o povo nigerino que está a ser honrado.”

Je respecte la constitution. Je respecte la promesse que j’ai faite au peuple nigérien. Cette décision est en accord avec mes convictions et ma vision de ce que devrait être l’avenir démocratique du Niger”

“Si j’ai des regrets, c’est que nous sommes malheureusement encore victimes d’attaques terroristes. Mais je tiens à souligner ici que les foyers de terrorisme n’existent pas au Niger.  “C’est à partir des pays voisins que les terroristes viennent nous attaquer. Et quand on regarde ce qui a été fait, même à cet égard, c’est remarquable”, a-t-il déclaré.

« Le sentiment qui m’anime est un sentiment de fierté, je me sens honoré et à travers moi c’est l’ensemble du peuple nigérien qui est honoré »

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